Câmara de Lisboa aprova construção do Museu Judaico em Belém

Jerome Dahdah / Flickr

Edifício da Câmara Municipal de Lisboa

A Câmara de Lisboa aprovou, esta segunda-feira, a construção do Museu Judaico em Belém e consequente revogação da instalação do equipamento em Alfama, localização que tinha sido alvo de contestação dos moradores.

A proposta de revogação do direito de superfície a favor da Associação de Turismo de Lisboa sobre os prédios para onde estava prevista a construção do Museu Judaico em Alfama foi aprovada por unanimidade na reunião do executivo camarário desta segunda-feira.

Já as propostas relativas ao processo de construção do equipamento em Belém tiveram o voto favorável de PS, PSD, CDS-PP e PCP e a abstenção do BE.

De acordo com uma proposta subscrita pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, dada a contestação dos moradores de Alfama e o processo judicial em curso, a autarquia decidiu desenvolver “todos os esforços com vista à identificação de soluções alternativas que permitissem” a viabilização do Museu Judaico.

“Neste âmbito, e na sequência do diálogo promovido entre as partes, foi possível identificar um local alternativo para a construção do Museu Judaico de Lisboa – sito na freguesia de Belém, entre a Avenida da Índia e a Rua das Hortas – que permitirá conceber e realizar um projeto com características e condições únicas para o efeito”, lê-se no documento, que visava revogar o protocolo celebrado em 2016 entre a Câmara, a Comunidade Israelita de Lisboa e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL).

O município propõe agora “um novo modelo para a criação, implementação e funcionamento do Museu Judaico, através de uma entidade especificamente criada para o efeito, a Associação Hagadá”. A Câmara de Lisboa, presidida por Fernando Medina (PS), salienta na proposta o “contributo da comunidade judaica para a formação histórica da cidade”, defendendo a “necessidade de preservação e divulgação de um património atualmente disperso, desconhecido e em grande parte não identificado”.

“Lisboa, onde o passado judaico assumiu uma enorme relevância, é das poucas capitais onde ainda não existe um equipamento dedicado, exclusivamente, à salvaguarda e divulgação dessa importante herança cultural”, é sublinhado.

Segundo a revista Sábado, em Alfama, onde se pensava construir inicialmente este museu, poderá ficar um memorial evocativo de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que salvou milhares de vidas durante o Holocausto.

Em junho, a Assembleia da República aprovou o projeto de resolução da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, que visa homenagear simbolicamente o cônsul no Panteão Nacional.

Não está prevista a trasladação do corpo, que irá continuar no concelho de Carregal do Sal, terra onde nasceu e viveu Aristides de Sousa Mendes, preservando a importância cultural e económica que a presença do corpo tem no turismo da região.

De acordo com a mesma publicação, ainda não há data para a cerimónia no Panteão, atrasada pela pandemia de covid-19.

ZAP // Lusa

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