A Câmara de Lisboa aprovou, esta segunda-feira, a construção do Museu Judaico em Belém e consequente revogação da instalação do equipamento em Alfama, localização que tinha sido alvo de contestação dos moradores.
A proposta de revogação do direito de superfície a favor da Associação de Turismo de Lisboa sobre os prédios para onde estava prevista a construção do Museu Judaico em Alfama foi aprovada por unanimidade na reunião do executivo camarário desta segunda-feira.
Já as propostas relativas ao processo de construção do equipamento em Belém tiveram o voto favorável de PS, PSD, CDS-PP e PCP e a abstenção do BE.
De acordo com uma proposta subscrita pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, dada a contestação dos moradores de Alfama e o processo judicial em curso, a autarquia decidiu desenvolver “todos os esforços com vista à identificação de soluções alternativas que permitissem” a viabilização do Museu Judaico.
“Neste âmbito, e na sequência do diálogo promovido entre as partes, foi possível identificar um local alternativo para a construção do Museu Judaico de Lisboa – sito na freguesia de Belém, entre a Avenida da Índia e a Rua das Hortas – que permitirá conceber e realizar um projeto com características e condições únicas para o efeito”, lê-se no documento, que visava revogar o protocolo celebrado em 2016 entre a Câmara, a Comunidade Israelita de Lisboa e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL).
O município propõe agora “um novo modelo para a criação, implementação e funcionamento do Museu Judaico, através de uma entidade especificamente criada para o efeito, a Associação Hagadá”. A Câmara de Lisboa, presidida por Fernando Medina (PS), salienta na proposta o “contributo da comunidade judaica para a formação histórica da cidade”, defendendo a “necessidade de preservação e divulgação de um património atualmente disperso, desconhecido e em grande parte não identificado”.
“Lisboa, onde o passado judaico assumiu uma enorme relevância, é das poucas capitais onde ainda não existe um equipamento dedicado, exclusivamente, à salvaguarda e divulgação dessa importante herança cultural”, é sublinhado.
Segundo a revista Sábado, em Alfama, onde se pensava construir inicialmente este museu, poderá ficar um memorial evocativo de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que salvou milhares de vidas durante o Holocausto.
Em junho, a Assembleia da República aprovou o projeto de resolução da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, que visa homenagear simbolicamente o cônsul no Panteão Nacional.
Não está prevista a trasladação do corpo, que irá continuar no concelho de Carregal do Sal, terra onde nasceu e viveu Aristides de Sousa Mendes, preservando a importância cultural e económica que a presença do corpo tem no turismo da região.
De acordo com a mesma publicação, ainda não há data para a cerimónia no Panteão, atrasada pela pandemia de covid-19.
ZAP // Lusa