O gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba desenvolveu um programa de computador capaz de identificar os uigures, a minoria étnica chinesa de origem muçulmana, através de reconhecimento facial, avançou o jornal norte-americano New York Times.
Um portal do Alibaba explicou como usar um software de reconhecimento facial para detetar uigures e outros membros de minorias étnicas em fotos e vídeos, explicou o New York Times.
Os textos em questão foram, entretanto, retirados da Internet pela empresa chinesa.
As autoridades chinesas exercem há alguns anos uma política de segurança máxima na região de Xinjiang, onde os uigures são predominantes, após violentos conflitos étnicos entre os chineses muçulmanos e os han, a etnia predominante na China.
As autoridades chinesas atribuíram os conflitos a ataques perpetuados por “separatistas” e “terroristas” uigures.
Pequim enfrenta crescente pressão diplomática devido às acusações de que mantém detidos um milhão de uigures em centros de doutrinação política no extremo noroeste do país.
Antigos detidos revelaram que foram forçados a criticar o islão e a sua própria cultura e a jurar lealdade ao Partido Comunista Chinês (PCC), num reminiscente da Revolução Cultural (1966-1976), lançada pelo fundador da República Popular da China, Mao Zedong.
Pequim, que negou inicialmente a existência destas instalações, diz agora tratar-se de “centros de treinamento vocacional” destinados a distanciar a população do extremismo religioso.
O Alibaba, grupo de comércio online líder na China, diversificou nos últimos anos para computação em nuvem, supermercados e até cinema.
Na semana passada, também o grupo chinês de telecomunicações Huawei foi acusado de testar software para reconhecimento facial dos uigures.
A empresa negou as acusações, mas não conseguiu convencer o jogador de futebol Antoine Griezmann. O avançado francês do FC Barcelona rompeu contrato com o grupo, do qual era embaixador desde 2017.
Xinjiang converteu-se, nos últimos anos, num estado policial, com pontos de controlo policial e câmaras de circuito fechado, equipadas com reconhecimento facial, a tornarem-se omnipresentes.
Em 2009, a capital de Xinjiang, Urumqi, foi palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, entre os uigures e a maioria Han.
O ano de 2014 foi marcado também por um ataque com faca na estação de comboios de Kunming, que deixou 31 mortos, e outro com explosivos, contra um mercado em Urumqi, capital de Xinjiang, que fez 39 mortos, ambos perpetuados por uigures, segundo o Governo chinês.
// Lusa