O internacional francês Antoine Griezmann, que alinha pelo FC Barcelona, rompeu contrato com a Huawei depois de terem sido publicados documentos que dão conta que a gigante tecnológica chinesa recorreu a sistemas de Inteligência Artificial para detetar pessoas uigur no meio de multidões.
O anúncio foi feito pelo próprio jogador através das suas redes sociais, numa publicação onde não só anuncia o fim da parceria com a Huawei, como também pede à marca que denuncie a repressão dos uigures na China.
“Após fortes suspeitas de que a Huawei contribuiu para o desenvolvimento de um ‘alerta uigur’ através do uso de um software de reconhecimento facial, encerro imediatamente a minha parceria com a empresa”, pode ler-se na nota.
“Aproveito ainda a ocasião para convidar a Huawei não só a negar estas acusações, mas também a tomar o quanto antes ações específicas para condenar esta repressão massiva e a utilizar a sua influência para contribuir em prol do respeito dos direitos humanos”, escreveu o avançado do Barça, embaixador da Huawei desde 2017.
Em declarações à emissora britânica BBC, um porta-voz da marca endereçou um convite para falar pessoalmente com o jogador, garantindo que as tecnologias que desenvolve não têm como objetivo identificar minorias ou grupos étnicos.
“Gostaríamos de estender o convite para falar com pessoalmente com o jogador, para explicar o trabalho que está a ser realizado atualmente a mais alto nível, dentro da empresa, para abordar as questões de direitos humanos, igualdade e discriminação em todos os níveis. As nossas tecnologias não são projetadas para identificar grupos étnicos”.
E acrescentou: “A não discriminação está no cerne dos nossos valores como empresa“.
As acusações à Huawei
Um documento divulgado pelo jornal norte-americano The Washington Post mostra que a Huawei usou IA para detetar pessoas uigur no meio de multidões.
Segundo essa informação, em 2018 a Huawei começou a trabalhar com a startup especializada em reconhecimento facial Megvii, no sentido de criar um sistema de câmaras assente na IA que conseguisse examinar rostos e estimar a idade, sexo e etnia.
No caso do sistema detetar um Uigur, enviava um alarme à polícia da China, onde os cidadãos deste grupo étnico de fé muçulmana estão a ser detidos em massa e enviados para campos de concentração geridos pelo estado chinês.
O documento em questão foi removido do site da Huawei pouco depois de o jornal norte-americano ter inquirido a empresa sobre o mesmo.
A Huawei e a Megvii reconheceram a autenticidade do documento depois de o Washington Post ter publicado a notícia. A Huawei disse que o sistema ainda não foi usado, e a Megvii garantiu que os seus sistemas não são usados para discriminar certas etnias.
Vindo de um cidadão de um país onde muçulmanos decapitam civis inocentes, é uma consciência estranha
é o que os chineses já andam a fazer.