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Documentos revelam que Johns Hopkins, famoso abolicionista, tinha os seus próprios escravos

Johns Hopkins, o filantropo do século XIX cujo nome agracia algumas das mais prestigiosas instituições científicas e académicas da América, foi considerado um homem que deplorava a escravatura. Porém, aparentemente, Hopkins possuiu escravos ao longo da sua vida adulta.

Numa carta endereçada à comunidade do campus, funcionários da Johns Hopkins University recevelaram que historiadores que analisavam a história da escola descobriram que o seu fundador, o empresário do século XIX Johns Hopkins, possuiu escravos, contestando a longa história que o descrevia como um abolicionista ardente cujo pai libertou todos os escravos da família em 1807.

Segundo a carta, no final da primavera de 2020, investigadores da “Retrospectiva Hopkins” – um programa iniciado em 2013 para examinar a história da universidade – foram informados da possível existência de um documento dos censos de 1850 que indicava que o fundador da escola era um proprietário de escravos.

Os investigadores rastrearam os registos dos censos do Governo que mostraram que Hopkins tinha um escravo na sua casa em 1840 e quatro escravos em 1850. Nos censos de 1860, não havia escravos listados na sua casa.

Após a sua morte em 1873, Hopkins – que fez fortuna como comerciante e investidor em ferrovias – deixou sete milhões de dólares com o objetivo de fundar uma universidade, hospital e orfanato em Baltimore. Na época, foi a maior doação filantrópica da História americana.

Os funcionários da escola explicaram que a maior parte do que se sabia sobre Hopkins veio de um pequeno livro publicado pela sobrinha-neta, Helen Thom, em 1929 – mais de 50 anos depois da morte de Hopkins.

“O livro de Thom recontou memórias de família, incluindo a história de que os pais de Johns Hopkins, motivados pelas suas convicções quacres, libertaram todas as pessoas escravizadas ‘saudáveis’ na sua plantação de Anne Arundel em 1807″, revela a carta.

“De acordo com Thom, esse ato impôs dificuldades financeiras significativas à família e fez com que Johns deixasse a plantação e fosse para Baltimore cinco anos depois, aos 17 anos, para embarcar na sua carreira comercial. Nas palavras de Thom, Johns tornou-se ‘um abolicionista forte‘”.

Segundo a universidade, os investigadores não conseguiram encontrar evidências que apoiassem a afirmação de que Hopkins era um abolicionista.

Embora os funcionários da escola não pudessem comprovar a lenda do pai de Hopkins, conseguiram encontrar registos do avô, que libertou alguns dos seus escravos em 1778. No entanto, a família continuou “as transações de posse de escravos durante décadas depois disso”, lê-se na carta.

Os historiadores também encontraram um obituário que descrevia Hopkins como tendo pontos de vista políticos antiescravistas, uma carta em que Hopkins expressava apoio ao presidente Abraham Lincoln (que acabou com a escravidão nos Estados Unidos) e evidências de que comprou um escravo para garantir a sua liberdade.

A escola disse que continuará a investigar a ligação de Hopkins com a escravidão, incluindo descobrir quem eram os seus escravos, a natureza do seu relacionamento com Hopkins e por que não teve mais escravos em 1860.

ZAP //

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