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Esquiar ou não esquiar? O turismo de inverno está a dividir a Europa (e Bruxelas “lava as mãos”)

sacavem / Wikimedia

Cerca de oito meses após um surto numa estância de esqui na Áustria ter infetado milhares de pessoas e contribuido para a propagação do vírus pela Europa, os países parecem não se entender sobre o que fazer na época de esqui.

De acordo com o The Washington Post, na Alemanha, as autoridades da Baviera, pronunciaram-se enfaticamente a favor de uma proibição de férias nas pistas de esqui. “Não podemos ter as férias clássicas de esqui”, disse o ministro-presidente da Baviera, Markus Soeder.

Soeder aconselhou os alemães a não fazerem a simples travessia da fronteira para irem para as pistas na Áustria, pois enfrentariam uma quarentena de 10 dias quando regressassem.

Também a chanceler alemã foi categórica: “A época do esqui está a chegar. Vamos tentar obter um acordo na Europa para encerrar todas as estâncias de esqui”, declarou Angela Merkel.

O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte sugeriu a ideia de coordenar com França e a Alemanha um “protocolo europeu comum” para travar o turismo de esqui.

Porém, Bruxelas indicou que deixará a decisão ao critério de cada Governo. “A primeira coisa a saber é que a decisão de permitir ou não a prática do esqui é, evidentemente, uma competência nacional. Isto não é uma competência europeia”, disse o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker. “Obviamente, não existe uma abordagem universal para o levantamento gradual, científico e eficaz das medidas de contenção”, concluiu.

De acordo com o Diário de Notícias, Viena, na Áustria, opôs-se à assinatura de um acordo de proibição de férias de esqui. O chanceler Sebastian Kurz afirmou que as férias de inverno vão manter-se de pé.

A diferença é que ficam excluídas as festas de après-ski, ponto de convivência social entre os turistas. Além disso, serão ordenadas regras estritas de distanciamento para diminuir os riscos de transmissão. Os turistas devem manter-se a pelo menos um metro de distância, usar máscaras em teleféricos, e os bares e restaurantes servirão bebidas e comida apenas a clientes sentados.

Também a Bulgária não planeia cancelar as férias de esqui no país, sendo que as três principais estâncias – Bansko, Pamporovo e Borovets – vão abrir em dezembro.

Na Eslovénia, a decisão sobre a abertura ou não das estâncias durante o Natal nos Alpes Julianos está pendente. No entanto, a maioria das estâncias começaram a preparar os seus percursos com neve artificial.

Também a Polónia e a Suíça vão abrir as pistas de esqui durante todo o inverno.

Em Espanha, as condições ainda estão por definir entre as autoridades regionais e o governo. Nos Pirenéus, a Catalunha quer abrir as estâncias a partir de 21 de dezembro.

Em França, as estâncias desportivas de inverno podem abrir durante as férias de Natal, mas os teleféricos de esqui terão de permanecer fechados.

Em setembro, noticiou-se que a estância de esqui Ischgl, que fica no vale Paznaun, na Áustria, e é conhecida como “Ibiza dos Alpes”, pode ter sido uma das maiores fontes de disseminação do novo coronavírus na Europa. Pelo menos seis mil pessoas terão contraído a doença entre o final de fevereiro e o início de março naquele local.

ZAP //

 

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