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Convívio deve ser limitado às pessoas com quem se vive, apela DGS

Tiago Petinga / Lusa

A diretora-geral da Saúde apelou aos portugueses, esta segunda-feira, na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, para limitarem os contactos físicos às pessoas com quem vivem.

“Ao conviver em presença com familiares meus de outros núcleos ou com amigos, aumento a probabilidade de contágio. Vamos fazer escolhas: está nas nossas mãos decidir com quem nos encontramos presencialmente; e nestes encontros, está também nas nossas mãos proteger e protegermo-nos. Há alternativas ao convívio físico”, vincou Graça Freitas, citada pelo jornal Público.

Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, a diretora-geral da Saúde informou que, até ao momento, já foram realizados 4,3 milhões de testes de diagnóstico e 40 mil testes rápidos, sendo que o país apresenta uma taxa de 15,9% de testes positivos.

A responsável aproveitou a conferência de imprensa para recapitular todos os cuidados que as pessoas em isolamento devem ter, recordando que esta informação está também disponível no site do SNS 24 e que, se continuarem com dúvidas, devem contactar a linha 808 24 24 24.

Plano de vacinação está a ser preparado “há meses”

Questionada sobre a cadeia de distribuição das vacinas contra a covid-19, Graça Freitas explicou que esta está ainda a ser definida, destacando que nenhuma das vacinas em estudo foi ainda aprovada pela Agência Europeia do Medicamento.

“Não há no mercado uma única vacina. Há várias vacinas e são todas diferentes, são feitas com tecnologia diferente. Essas indicações na Europa ainda não foram aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento”, disse.

“O que está a ser feito, há muitos meses já, é o acompanhamento da situação a nível europeu. Portugal está nos mecanismos europeus para adquirir vacinas. Há contratos celebrados com quatro empresas e duas outras estão em vias de entrarem nesta ‘pool’ de fornecedores possíveis para vacinas”, sublinhou, vincando que a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) acompanha com a Agência Europeia do Medicamento todo o desenvolvimento, nomeadamente aparecimento, ensaios clínicos, estudos e indicações.

“A vacina há de chegar de alguma forma e de acordo com as características da vacina haverá um ponto de chegada e pontos de distribuição secundários, ou seja, como para todas as outras vacinas e de acordo com um plano pré-estabelecido, as vacinas são enviadas para as farmácias de locais descentralizados do país”, disse.

Sobre a vacinação em relação aos grupos de risco, a diretora-geral da Saúde admitiu que essa questão está pendente da aprovação da Agência Europeia do Medicamento, frisando que há “vários graus de incerteza”, nomeadamente sobre a quem se destinam as vacinas, qual a eficácia e quantas doses vão ser necessárias.

Por sua vez, relativamente à vacina da gripe, a diretora-geral da Saúde afirmou que 1,5 milhões de portugueses já foram vacinados, mas que a DGS ainda não sabe quais destes pertencem a grupos de risco.

DGS está a analisar proposta para o congresso do PCP

“A Direção-Geral da Saúde já teve conhecimento da documentação e do que foi pedido através da rede de autoridades de saúde, nomeadamente através da autoridade regional de Lisboa e Vale do Tejo, e, neste momento, a proposta está em análise“, afirmou a diretora-geral da Saúde aos jornalistas.

Questionada sobre as medidas para o Natal, a responsável afirmou que esta época já está a ser pensada, mas que ainda é prematuro abordar o tema.

“Temos que ver o impacto das medidas antes de decidir o Natal. A epidemia está a crescer, mas temos de ter em atenção que o nível de crescimento já foi mais acentuado. Acompanhamos as medidas previstas para o Natal, esperamos que seja possível abrandar de alguma forma as medidas que temos agora, sem que isso signifique qualquer tipo de relaxamento”, disse, citada pelo jornal online Observador.

Sobre a utilização de máscaras nas prisões portuguesas, Graça Freitas disse que a DGS está a trabalhar numa norma, em articulação com a Direção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

“Deve aplicar-se a estes contextos as mesmas regras que se aplicam noutros. Ou seja, sempre que em ambiente fechado deve usar-se — exceto na bolha — e sempre que em ambiente aberto e não houver distanciamento social também”, declarou.

Graça Freitas confirmou a existência de pelo menos 508 surtos ativos em Portugal Continental. Destes, 182 são em lares de idosos (cinco em unidades de cuidados continuados), 94 em estabelecimentos de ensino e 37 em instituições de saúde.

A responsável anunciou ainda que deverão ser usados testes rápidos para testar todos os idosos em lares de todo o país.

“A disseminação destes testes pode ajudar-nos muito a utilizar medidas quer seja no contexto de surtos, quer noutros, como rastreios de populações específicas ou localidades”.

Tendência de abrandamento em alguns concelhos

A diretora-geral da Saúde disse que a região Norte continua a ser mais afetada, ao registar 1332 casos por 100 mil habitantes, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo com 500 casos por 100 mil mil habitantes, mas destacou a tendência de abrandamento em alguns concelhos com incidência elevada.

Por outro lado, nove concelhos registaram mais de dois mil casos de infeção por 100 mil habitantes, segundo a taxa de incidência de casos acumulados nos últimos 14 dias.

Este grupo é composto pelos concelhos de Lousada (2791 casos), Paços de Ferreira (2533), Vizela (2523), Guimarães (2343), Freixo de Espada à Cinta (2335), Felgueiras (2221), Penafiel (2108), Fafe (2074) e Manteigas (2029).

No extremo oposto da tabela está Vila Velha de Ródão e sete concelhos da Madeira e dos Açores, sem registos de qualquer caso de infeção (Lajes das Flores, Lajes dos Pico, Madalena, Porto Moniz, Santa Cruz da Graciosa, São Vicente e Vila do Corvo).

Portugal registou, nas últimas 24 horas, 4044 novos casos e 74 óbitos associados à covid-19, de acordo com o boletim divulgado, hoje, pela Direção-Geral da Saúde.

ZAP // Lusa

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