Presidenciais: Vitorino não é candidato, Seguro ficou satisfeito

José Sena Goulão / Lusa

Sobre os gastos de 5% do PIB na Defesa, António José Seguro desconfia “sempre muito” de corridas para estas áreas com muito dinheiro.

O candidato à Presidência da República António José Seguro assumiu neste sábado que foi “com satisfação” que recebeu a decisão do antigo comissário europeu António Vitorino de não se candidatar às eleições presidenciais do próximo ano.

Recebi com satisfação a decisão do doutor António Vitorino, porque ela vem contribuir para a união do espaço da Democracia e do espaço deste projeto, que é um projeto de progresso, de humanismo e de afirmação de valores humanos”, declarou António José Seguro aos jornalistas, em Guimarães, distrito de Braga, após um encontro com dezenas de jovens num jardim da cidade.

Sem Vitorino na corrida às presidenciais, e com o antigo presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva em reflexão sobre se se candidata, António José Seguro foi questionado sobre se está assim o caminho aberto para que o Partido Socialista lhe manifeste apoio publicamente.

“Esta é uma candidatura suprapartidária. E, portanto, todos os que quiserem vir e que vêm por bem, identificados com a Democracia e os valores do progresso, naturalmente que são bem-vindos. O resto são os partidos que têm de fazer as suas decisões”, respondeu António José Seguro, acrescentando sentir-se bem na posição em que está.

“Eu sinto-me muito bem como estou, sinto cada vez mais as minhas ideias a terem eco, ainda agora com estes jovens aqui em Guimarães, sinto-me muito feliz, há adesão, há entusiasmo, há uma energia e, portanto, a minha responsabilidade é afirmar os valores desta candidatura, o seu propósito: construir um país justo e um país de excelência”, frisou o candidato presidencial.

Questionado também sobre as declarações de Augusto Santos Silva, que considera que não reúne o consenso no seio do PS e que não preenche as condições necessárias para o cargo de Presidente da República, Seguro respondeu: “Não me diga que queria que um Presidente fosse eleito com 100% por unanimidade. Isso em Democracia não existe”.

Questionado sobre se não teme que uma eventual candidatura de Augusto Santos Silva possa vir a dividir o eleitorado de centro esquerda e dessa forma colocar em causa uma eventual vitória sua, António José Seguro optou por não responder.

“Nós estivemos aqui uma hora e meia a falar do futuro de Portugal com jovens. A falarem dos seus problemas, dos seus anseios, e sobretudo, também dos seus sonhos. Foi gratificante ver isso e eu não vou destruir esta bela reunião fazendo mais nenhum comentário”, disse Seguro, que também não quis comentar a dupla reflexão de Augusto Santos Silva.

Defesa: prudência

António José Seguro aconselhou neste sábado “prudência” face aos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) assumido por Portugal na NATO para gastos em Defesa, sublinhando que “o país também tem outras necessidades”.

Eu aconselhava prudência. Primeiro é necessário ver se nós, com o mesmo nível de despesa, conseguimos fazer aquilo que nos propomos no âmbito da NATO ou da União Europeia e só depois passarmos para a situação seguinte, que é gastar mais”, afirmou António José Seguro aos jornalistas, em Guimarães, distrito de Braga, após um encontro com algumas dezenas de jovens num jardim da cidade.

Na quarta-feira, em Haia (Países Baixos), os 32 países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) acordaram um aumento do investimento de 5% do PIB na área da defesa até 2035, com uma revisão dos objetivos em 2029.

“É essencial que antes de se gastar mais, se gaste melhor. E sobretudo, [que] se faça isso no seio da União Europeia e que se crie autonomia, designadamente ao nível tecnológico e estratégico na própria União Europeia. Nós precisamos de um bom sistema científico europeu, com benefícios nas áreas da defesa e da segurança, mas também com benefícios nas áreas da economia, da saúde ou do ambiente”, defendeu António José Seguro.

Segundo o candidato presidencial, “o nível de gastos tem de ser em consonância com os recursos e as necessidades” do país.

O país não tem só necessidades nas áreas da defesa e da segurança. Também tem necessidades nas áreas da habitação, da saúde, da economia, tem de haver aqui um equilíbrio. Eu desconfio sempre muito quando se vai a correr de um momento para o outro para estas áreas da defesa e com um volume de recursos e de dinheiro muito elevado. Cinco por cento do nosso PIB é muito dinheiro”, frisou.

Na quinta-feira, no final da cimeira da NATO, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, comprometeu-se a atingir os 2% do PIB em defesa até ao final deste ano – o que, segundo as contas do Governo, obrigará a um reforço de investimento de cerca de mil milhões de euros.

Além desta meta, a cimeira da NATO acordou que os aliados devem investir 5% do PIB em despesas relacionadas com defesa, dos quais 3,5% em gastos militares tradicionais (Forças Armadas, equipamento e treino) e 1,5% adicionais em investimentos como infraestruturas e indústria até 2035, com uma revisão intercalar em 2029.

No dia seguinte, os líderes da União Europeia, reunidos em Bruxelas, comprometeram-se a financiar adequadamente o aumento dos gastos com defesa, coordenando tal investimento para o fazer “melhor em conjunto”, dada a nova meta da NATO acordada no dia anterior.

ZAP // Lusa

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