As autoridades italianas estão a investigar a Uber Eats por alegadamente explorar migrantes provenientes de contextos de guerra, requerentes de asilo e pessoas em situação económica vulnerável.
Em Itália, dez pessoas estão sob investigação sobre a alegada exploração de trabalhadores migrantes, incluindo o gestor de operações em Itália. Segundo os investigadores, os trabalhadores foram “submetidos a condições de trabalho degradantes, pagaram 3 euros por viagem” e tiveram as suas gorjetas confiscadas.
O caso, que se concentra no Uber Eats, levou um tribunal de Milão a colocar o Uber Itália em liquidação temporária em maio pela alegada exploração de entregadores.
Estes trabalhadores da empresa de entrega de alimentos “foram sujeitos a condições laborais degradantes e pagos a €3 por viagem”, com gorjetas confiscadas pela entidade patronal, revela o The Guardian.
Um dos motoristas, disse ter recebido 179,5 euros por um total de 68 horas ao longo de uma semana de trabalho. “O meu pagamento era sempre de €3 por entrega, independentemente do dia e da hora”, revelou o trabalhador da empresa.
O juiz do tribunal de Milão referiu que o “isolamento social em que vivem esses migrantes” acabou por ser visto pela empresa como “uma oportunidade de recrutar trabalhadores a um custo absurdamente baixo, dispostos a fazer qualquer coisa para sobreviver, explorados e discriminados por empregadores sem escrúpulos”.
As autoridades italianas acreditam que a exploração teve um aumento ainda maior com o surgimento da pandemia causada pela covid-19, o que levou a uma “avalanche descontrolada de recrutamento” de motoristas.
Esta segunda-feira, a empresa negou qualquer tipo de abuso laboral. “Nos últimos meses temos trabalhado em estreita colaboração com as autoridades judiciais para rever e reforçar o nosso serviço. Continuaremos a colaborar e a combater todas as formas de intermediação ilegal”, assegurou a Uber Eats em comunicado.
Os migrantes contratados pela Uber Eats eram sobretudo oriundos de países como Nigéria, Mali, Costa do Marfim, Gâmbia, Paquistão ou Bangladesh.