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Já há mais 6.829 mortes do que em 2019, mas covid-19 só fez 2 mil. Óbitos em casa subiram 18%

Jean-Christophe Bott / EPA

Desde o início da pandemia, há registo de um aumento de 18% de óbitos que ocorrem em casa e as mortes em investigação subiram 24%. Nos hospitais há uma subida de 5,6% na taxa de mortalidade. A DGS garante que está a analisar as causas.

De acordo com uma análise feita pela TSF, e com base no Sistema de Informação dos Certificados de Óbito da Direção-Geral de Saúde, o aumento da mortalidade em Portugal continua a ser preocupante, pois tem vindo a crescer e é um facto que se mantém no mês de setembro. Os dados dão conta de que os sido óbitos registados em casa têm vindo a aumentar.

Esta tendência já tinha sido revelada por outros estudos, mas mantém-se nos primeiros 20 dias de setembro com mais 763 mortos do que no mesmo período do ano passado – barreira que nunca tinha sido ultrapassada nos últimos dez anos, ou seja, entre 2009 e 2019.

Até agora, e desde o início da pandemia, morreram mais 6.829 pessoas que em 2019 – sendo que a covid-19 matou menos de 2 mil. Numa altura em que ainda faltam mais de três meses para o ano terminar, 2020 já conta com 64.756 óbitos, número que está muito acima dos anos anteriores, em que nunca se tinha ultrapassado a barreira dos 60.000 mortos.

Contudo, os números revelam dados surpreendentes. Ainda que as mortes em casa sejam menos de metade do total de óbitos, este ano estas tiveram um crescimento abrupto de 18,3% em relação às mortes que ocorrem em hospitais, onde o aumento se ficou pelos 5,6% – em comparação com os dados de 2019 e 2020.

Além do aumento do número de óbitos em casa, há ainda uma notável subida da mortalidade, naquilo que a DGS identifica como “outros locais”. Segundo o esclarecimento enviado à TSF, trata-se de mortes que ocorrem “na via pública, quando o local do óbito não é conhecido ou noutro qualquer espaço físico”.

Também os óbitos em investigação tiveram um aumento superior ao da mortalidade geral, ultrapassando as 6.500 mortes desde março até 20 de setembro, ou seja, um aumento de 24,4% em relação a 2019. As mortes que se encontram “sujeitas a investigação”, são assim classificadas quando o tipo de óbito é desconhecido pelo médico à data da realização do certificado.

Questionada pela TSF sobre os dados recolhidos e apresentados anteriormente, a DGS confirma as conclusões dizendo que houve “um aumento das mortes certificadas como ‘noutro lugar’ e no ‘domicílio’, e dos óbitos ‘sujeitos a investigação’ no ano de 2020 em relação aos 5 anos anteriores”. Ainda assim, a DGS afirma que ainda não é possível “identificar as causas básicas de morte”.

Na mesma resposta, a Direção-geral de Saúde diz que é “prematuro avançar com explicações para as causas desta variação”, garantindo que “acompanha estas variações com atenção e está a estudar as suas possíveis causas”.

Em relação ao número total da mortalidade, a DGS responde que “na mortalidade por todas as causas, e por todas as idades, observou-se um aumento em janeiro, abril, maio, julho, e agora mais recentemente no dia 16 de setembro”, dia em que existiu um “excesso de 68 óbitos”.

A análise feita pela TSF, centrou-se no período de 1 de março a 20 de setembro, ou seja, desde que se iniciou a pandemia de covid-19 em Portugal.

ZAP //

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