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Depois das praias, Governo admite colocar semáforos em zonas de maior risco de covid-19

José Sena Goulão / Lusa

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, adiantou, em entrevista à SIC Notícias, que o Governo está a estudar implementar um sistema de semáforos para identificar as zonas de maior risco de covid-19 em Portugal.

Em entrevista à SIC Notícias esta quarta-feira, António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, disse que a medida de implementar um sistema de semáforos para identificar as zonas de maior risco de covid-19 pode vir a ser incluída no plano para responder à pandemia no período do outono/inverno.

“Estamos a estudar a possibilidade através de planos de mapas de risco epidemiológico e temos aprendido com alguns países nessa área. A ideia também é desenvolver neste plano essa ideia em diferentes camadas. Numa primeira camada, fazer uma avaliação da evolução epidemiológica e de alguns indicadores nomeadamente na incidência cumulativa por 100 mil habitantes. Na segunda camada, utilizar um processo de semáforos, que ainda está em discussão a nível europeu”, disse o governante.

Questionado sobre um estudo da Oliver Wyman, empresa que presta consultoria a entidades públicas como o Governo brasileiro, que aponta para 1.700 casos diários no pico do outono, Lacerda Sales refere que “temos de preparar o pior e esperar o melhor”.

Em relação à questão da segunda vaga, Lacerda Sales não se comprometeu com números. “As designações, por vezes, são muito subjetivas”, respondeu.

O secretário de Estado garantiu a autonomia completa das autoridades nacionais. “Temos aprendido muito com a experiência de outros países, mas pensamos pela nossa cabeça”, disse.

“Estamos a apresentar até ao fim da semana o plano outono/inverno”, reforçou. “Plano destes têm também um objetivo comunicacional. É como uma vacina: não podemos administrar excessivamente antes porque senão perde imunicidade.”

No dia em que Portugal superou os 70 mil casos desde o início da pandemia e voltou a ficar acima dos 800 diários, o responsável do Governo garantiu que o país não está “refém da covid” e elogiou o “comportamento exemplar” do “povo português”.

É preciso “agir depressa” em relação a testes rápidos

O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes defendeu esta quarta-feira que é preciso ser “ágil e agir depressa” sobre a utilização dos testes rápidos para “controlar melhor” o circuito de transmissão de covid-19.

“Era importante que não se demorasse muito tempo a tomar uma decisão sobre a difusão e a disseminação da utilização dos testes rápidos”, disse à agência Lusa o especialista em Saúde Pública. Para Adalberto Campos Fernandes, esta decisão “ajudará a todos a controlar melhor o circuito de transmissão da infeção”.

“Eu creio que, neste momento, é preciso nesse domínio ser ágil e agir depressa”, defendeu Adalberto Campos Fernandes, que foi ministro da Saúde entre 2015 e 2018.

Estela Silva / Lusa

O ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes

A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou esta quarta-feira que a utilização de testes rápidos de detenção de covid-19 será definida no final da semana por um conjunto de peritos, ressalvando que a fiabilidade dos resultados é uma preocupação.

“Temos um painel de peritos a trabalhar desde o início da semana no assunto e até ao final da semana teremos uma definição das circunstâncias em que estes testes poderão ser utilizados, estando sobretudo em causa o contexto da sua utilização”, afirmou Marta Temido, na conferência de imprensa regular sobre o desenvolvimento da pandemia em Portugal.

A ministra reforçou que os testes rápidos de antigénio ainda não estão recomendados em Portugal para diagnóstico de casos de infeção pelo vírus SarCov-2 e que a grande preocupação é a sua segurança e a fiabilidade dos resultados, recordando que as opções técnicas destes testes são muito recentes.

Estes testes não eliminam a hipótese de ocorrência de falsos negativos, são testes que podem ter baixa sensibilidade em indivíduos assintomáticos ou com uma carga viral baixa”, afirmou Marta Temido, sublinhando que a maioria dos países europeus ainda não os utiliza como testes de diagnóstico. “O que nos interessa é ter testes que nos garantam a fiabilidade dos resultados”, insistiu a ministra.

A estratégia de testagem para o novo coronavírus passa por garantir “resultados rápidos e segurança e por isso é importante estratificar os vários testes laboratoriais de acordo com a sua finalidade”.

O Plano Saúde Outono Inverno 2020/2021 já prevê a inclusão de dois tipos de teste: testes rápidos em menos de 60 minutos e testes com resultados disponíveis em 24 horas.

ZAP // Lusa

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