Uma procuradora federal que estava envolvida na investigação às origens do inquérito sobre as relações entre Donald Trump e a Federação Russa, no contexto das eleições presidenciais de 2016, demitiu-se, informou esta sexta-feira um porta-voz da organização governamental.
Nora Dannehy era uma das principais figuras de uma equipa liderada pelo procurador John Durham, do Estado do Connecticut, que foi apontado no ano passado para liderar uma investigação sobre como é que a polícia federal (FBI, na sigla em inglês) e outras agências federais investigaram a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e a eventual coordenação entre a campanha de Trump e o Kremlin.
Um porta-voz da procuradoria do Connecticut confirmou a saída de Dannehy, que tinha sido noticiada pelo The Hartford Courant, mas declinou fazer comentários.
A sua saída pode complicar a parte final de uma investigação já prejudicada pela pandemia do novo coronavírus, mas que Donald Trump e os seus apoiantes têm considerado como reveladora de más práticas dentro do FBI.
Agora, a equipa de investigadores fica sem uma das procuradoras veteranas quando se aproxima a tomada de decisões fundamentais antes da conclusão da investigação.
A nomeação de Durham pelo procurador-geral William Barr foi tornada pública pouco depois da divulgação do relatório do conselheiro especial Robert Mueller sobre a interferência eleitoral dos russos.
No ano e meio que passou desde então, Durham tem questionado antigos agentes das forças de segurança e dos serviços de informações, como o antigo diretor da CIA John Brennan, sobre as decisões tomadas durante a investigação à interferência russa.
Esta investigação de Durham não produziu até agora os resultados por que Trump e os seus apoiantes têm esperado.
Há também pressão para encerrar a investigação dado que o seu prolongamento para o período eleitoral colocaria o Departamento de Justiça debaixo de críticas, se bem que Barr já tenha dito que o candidato democrata Joe Biden não é objeto do inquérito. Mas também não é claro que o trabalho de Durham continua se Trump perder em novembro, com os democratas e assumirem o controlo, designadamente do Departamento de Justiça.
O próprio Trump já disse que quer resultados depressa, afirmando na quinta-feira, durante uma conferência de imprensa, na Casa Branca, que Durham era “um homem muito, muito respeitado” e que o seu trabalho iria envolver “um relatório ou talvez muito mais do que isso”.
Até agora, a investigação produziu uma acusação, contra um antigo advogado do FBI, acusado de adulterar uma mensagem de correio eletrónico, relacionada com a vigilância de um antigo membro da campanha eleitoral de Trump.
Mas esta acusação não menciona uma qualquer conspiração dentro do FBI e a conduta em causa já tinha sido mencionada pelo inspetor-geral do Departamento da Justiça, em relatório de dezembro último.
Está por esclarecer se Durham é capaz de encerrar a investigação antes das eleições, apesar de Barr não ter excluído a possibilidade de mais acusações.
// Lusa