Os ministros das Finanças da zona euro vão esta quinta-feira eleger o novo presidente do Eurogrupo, numa reunião por videoconferência que assinala a despedida europeia de Mário Centeno e a estreia do ministro João Leão.
Depois de Centeno ter anunciado, em junho, a sua saída do Governo e, consequentemente, abdicado de concorrer a um segundo mandato, três ministros avançaram com candidaturas à presidência do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro: a espanhola Nadia Calviño, o irlandês Paschal Donohoe e o luxemburguês Pierre Gramegna.
Com Centeno a considerar que este é um “excelente conjunto de candidatos”, o que demonstra a relevância atual do fórum no que se refere a assegurar a estabilidade e prosperidade da zona euro, Portugal já anunciou, sem surpresa, que o seu voto, que já será depositado por João Leão, irá para a candidata socialista espanhola.
“Apoiaremos a candidatura de Nadia Calviño (…) desde logo pelas suas qualidades pessoais, pela forte experiência que tem em matéria europeia e também pela convergência de pontos de vista que temos mantido sobre o que deve ser o futuro da União Económica e Monetária”, disse o primeiro-ministro, António Costa, que lembrou também a “boa tradição” de Portugal e Espanha “de apoio recíproco às candidaturas internacionais”.
Os três candidatos farão curtas intervenções na reunião desta quinta-feira, celebrada ainda à distância devido às restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, após o que terá início a votação – secreta e eletrónica –, vencendo aquele que obtiver maioria simples, ou seja, os votos de pelo menos 10 dos 19 países da zona euro, pelo que poderá haver necessidade de uma segunda volta para afastar uma das três candidaturas.
Corrida será renhida
O Expresso antecipa que a votação será renhida, recordando que apesar de Nadia Calviño poder contar com os apoios de peso de França e Alemanha – essenciais para eleger Centeno em 2017 -, a espanhola não tem ainda garantidos os 10 votos para vencer.
Nadia Calviño pode conseguir os votos de Itália e talvez de Malta e Finlândia. Grécia estará também com Madrid, faltando convencer, entre os países do sul, apenas o Chipre – ainda assim, e contas feitas, só estes votos não chegarão.
Paschal Donohoe não parece ter também uma votação garantida que lhe permita chegar à cadeira de Mário Centeno, mas é Gramegna, um dos mais antigos ministros no grupo e que está na segunda vez na corrida (perdeu para Centeno), que tem as piores hipóteses.
O novo presidente do Eurogrupo, que participará já na conferência de imprensa no final da videoconferência da eleição, assumirá funções já próxima segunda-feira, 13 de julho, dado o mandato de Centeno expirar no dia 12, e liderará o Eurogrupo nos próximos dois anos e meio, até final de 2022.
Na agenda da reunião desta quinta-feira consta também uma discussão sobre as previsões macroeconómicas intercalares de verão publicadas pela Comissão Europeia, que agravam as projeções do impacto da covid-19 na zona euro, e em Portugal em particular.
Bruxelas reviu em baixa as projeções para a economia da zona euro este ano devido à pandemia de covid-19, estimando agora uma contração de 8,7% do PIB (contra o recuo de 7,7% que prognosticava na primavera, há dois meses), tendo Portugal sido o Estado-membro que viu a respetiva previsão de evolução do PIB mais agravada relativamente às previsões da primavera, pois a Comissão estima agora uma contração de 9,8%, mais três pontos percentuais do que há dois meses, quando antecipava uma queda de 6,8%.