O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu este domingo que não houve qualquer crise no Governo e que os portugueses devem estar gratos a Mário Centeno pelo que tem feito como ministro das Finanças.
“Ainda ontem o senhor primeiro-ministro disse – e disse bem – que não houve crise política ou do Governo. Não há crise. E, portanto, isso não existiu e não existe“, afirmou o chefe de Estado aos jornalistas, no final de uma visita ao mercado da Ericeira, no concelho de Mafra, distrito de Lisboa.
Quanto à permanência ou não de Mário Centeno no Governo, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu essa questão para o primeiro-ministro, António Costa, mas considerou: “Se me pergunta se os portugueses devem estar gratos ao ministro das Finanças por aquilo que tem vindo a fazer ao longo dos anos, ah, isso é evidente. Tão evidente que eu reafirmei-o há mês e meio, dois meses, em Belém”, acrescentou.
Confrontado com as críticas que recebeu pela sua intervenção a favor da posição que o primeiro-ministro assumiu no parlamento sobre as transferências para o Fundo de Resolução destinadas ao Novo Banco, o Presidente da República não lhes respondeu diretamente, mas centrou este caso no controlo do uso do dinheiro público.
“O dinheiro público é dinheiro dos contribuintes, portanto, saber se é bem utilizado, como é que é utilizado, isso é uma questão que não tem a ver com A, com B ou com C. É tão óbvio, tão óbvio, tão óbvio que toda a gente percebe que num período de dificuldade ainda é mais importante controlar o uso do dinheiro público”, sustentou.
Questionado sobre a realização, em Setembro, da festa do Avante!, o presidente da República realçou que há uma diferença entre esta iniciativa do PCP e as evocações do 25 de Abril, comemoração da Revolução dos Cravos, do 1º de Maio, dia do trabalhador, e do 10 de Junho, dia de Portugal.
“O 25 de Abril, o 1º de Maio e o 10 de Junho são cerimónias oficiais, são feriados, pelo que deviam ser celebrados simbolicamente, o 10 de Junho, cuja organização depende do Presidente da República, vai ser celebrado simbolicamente”, afirmou.
Segundo o presidente, “o vírus não muda de acordo com a natureza das iniciativas” e qualquer avaliação das autoridades sanitárias “é válida para toda a gente”. Nas organizações da sociedade civil”, acrescenta, “trata-se de as autoridades sanitárias em função da situação dizerem o que se deve fazer”.
“Eu por exemplo, gostaria muito de em setembro ir à festa do Viso, que é uma festa tradicional em Celorico de Basto e que reúne milhares de pessoas. Pois, tem de se esperar para ver”, conclui Marcelo Rebelo de Sousa
ZAP // Lusa
O PR é um bom artista. Inteligente, culto, mas também vaidoso e intriguista. E isso já vem de longe: basta recordar o episódio da Vichyssoise. Frequentemente dá uma no cravo e outra na ferradura. E assim, sai sempre bem.
Foi evidente que se imiscuiu em assuntos do governo e exerceu pressão injustificada sobre o PM que, por sua vez, roçou o rídículo e a hipocrisia ao avançar o apoio à recandidatura do atual presidente. Se o PS não estivesse domesticado e acarneirado tal como os outros partidos portugueses, é bem possível que enfrentasse uma rebelião alargada.
Pior que ter cometido um erro, foi o PR não o ter assumido e corrigido. Mas isso é para os outros mortais: Marcelo pode dar as cambalhotas que quiser porque paira num patamar acima pela sua argúcia, pela sua empatia… e pela lábia.