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Listas incompletas impediram autoridades de vigiar infetados com covid-19

Estela Silva / EPA

GNR com máscara em Ovar

Quase cinco mil pessoas deviam ter estado sob vigilância das polícias. No entanto, as listas incompletas impediram a ação das autoridades, que vigiaram apenas 2.614 dos infetados com covid-19.

A 17 de abril, as autoridades portuguesas deviam ter tido sob vigilância 4.708 portugueses que estavam obrigados ao confinamento social por estarem infetados com o novo coronavírus. No entanto, a PSP e a GNR conseguiram apenas vigiar 2.614 destas pessoas, isto é, pouco mais de metade do universo total.

De acordo com a edição desta quarta-feira do Observador, que cita o relatório de avaliação das medidas do estado de emergência, esta situação deve-se ao facto de as listas estarem incompletas.

Em falta estava a informação necessária sobre a identidade dos pacientes a serem vigiados, assim como a sua morada, o que impediu a ação das polícias. O diário adianta que, em Lisboa, mais de mil pessoas deviam ter estado sob vigilância, mas havia apenas informação sobre 175.

“Constata-se que 44,5% das identificações constantes nas listagens estão incompletas, inibindo-se assim a prossecução das medidas de vigilância ativas”, lê-se no relatório.

O Público contactou a Direção-Geral da Saúde (DGS) que garantiu que as autoridades sanitárias remetem as listagens das pessoas que estão sob vigilância ativa e das respetivas moradas para a PSP e a GNR. “O que poderá estar a acontecer é que, quando uma pessoa está doente, não será indicada uma data de terminus da vigilância ativa, isto porque a vigilância irá manter-se o tempo necessário, enquanto o doente for positivo.”

Como estes dados não são estáticos, “pode até não existir dados a reportar naquele dia ou naquela semana, se a doença estiver controlada e não existirem novos casos, ou novos contactos de casos”, acrescentou a entidade.

Ainda de acordo com o balanço divulgado, a PSP e a GNR detiveram, desde o início do terceiro estado de emergência, 101 pessoas por desobediência e encerraram 226 estabelecimentos por incumprimento das normas estabelecidas.

Eestes números somam-se aos verificados nos dois primeiros períodos de estado de emergência: no primeiro período, que vigorou entre 22 de março e 2 de abril, registaram-se 108 detenções por desobediência e foram encerrados 1.708 estabelecimentos; no segundo período, que vigorou entre os dias 3 e 17 de abril, registaram-se 184 detenções por desobediência e foram encerrados 432 estabelecimentos.

O relatório, divulgado pelo Governo e entregue na Assembleia da República, vai ser discutido na próxima quinta-feira.

ZAP //

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