Líder muçulmano na Índia juntou fiéis durante quarentena. Agora é acusado de homicídio por negligência

Após manter um grupo de fiéis de vários países num centro espiritual mesmo depois do início do confinamento, o líder de um grupo religioso muçulmano em Nova Deli, capital da Índia, foi acusado de homicídio por negligência.

Segundo noticiou o Observador, que cita a BBC, a acusação indica que o líder do grupo islamita Tablighi Jamaat, Maulana Saad Kandhalvi, juntou entre 2.500 a três mil fiéis num centro espiritual com espaço para cinco mil pessoas, onde se realizou o evento anual do grupo. Arrisca agora uma pena de prisão até 10 anos.

Com início a 13 de março, o evento duraria dois dias. Devido, alegadamente, ao cancelamento de voos, muitos fiéis terão permanecido no centro espiritual. A 19 de março, Maulana Saad Kandhalvi disse num vídeo transmitido na internet que a Covid-19 era “um castigo de Deus”, apelando aos fiéis que “acudissem às mesquitas”.

O Observador notou que a situação piorou quando o primeiro-ministro, Narendra Modi, anunciou um confinamento a nível nacional, que começava a 23 de março, alargado entretanto até 03 de maio. Um dos membros do grupo disse à BBC, que “mais de mil [fiéis], incluindo muitos estrangeiros”, continuaram por lá por não terem para onde ir.

No início de abril, as autoridades atribuíam ao grupo e ao evento anual um terço do total de casos de Covid-19 confirmados na Índia. Atualmente, o país conta com 12.456 casos oficialmente confirmados e 423 mortes. O grupo e os seus seguidores, porém, têm acusado as autoridades centrais da Índia de islamofobia na gestão deste caso.

“É lamentável que as pessoas estejam a dizer que isto foi uma conspiração e estejam a usar termos como ‘jihad da corona’. Culpar uma comunidade não é acertado. Os media também têm tido um papel nefasto”, indicou à Al-Jazeera o constitucionalista Faizan Mustafa. “Os governos têm de demonstrar uma racionalidade maior do que os religiosos”.

ZAP //

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