“A vida tem de continuar”. Bolsonaro contraria Governo e pede fim do isolamento

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Joedson Alves / EPA

Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil

O Presidente do Brasil falou ao país, esta terça-feira, tendo pedido às autoridades estaduais e municipais que reabram escolas e comércio e que ponham fim ao “confinamento em massa”.

“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o encerramento do comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, porquê fechar escolas?”, questionou Jair Bolsonaro, sublinhando que o país deve “voltar à normalidade”.

“O vírus chegou. Estamos a enfrentá-lo e brevemente vai passar. A nossa vida tem de continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado”, frisou o Presidente brasileiro.

Segundo Bolsonaro, “raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos (…). 90% de nós não terá qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde”.

As suas declarações foram emitidas no dia em que o Brasil ultrapassou os dois mil casos confirmados, com o país a registar 2201 infetados e 46 mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

A perspetiva do chefe de Estado também contraria as recomendações do seu próprio Governo, que aconselha a população a evitar aglomerações, a reduzir as deslocações para o trabalho e a antecipar as férias em instituições de ensino, especialmente em regiões com transmissão comunitária do vírus.

Bolsonaro, de 65 anos, voltou ainda a subestimar a pandemia, ao afirmar que caso fosse infetado “não precisaria de se preocupar”, tendo em conta que foi atleta.

“No meu caso particular, com o meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quanto muito, acometido por uma ‘gripezinha’, ou ‘resfriadinho'”, considerou.

https://twitter.com/isentoes2/status/1242599432706719746?s=20

O chefe de Estado do Brasil já se submeteu a dois exames ao novo coronavírus, ambos de resultado negativo, segundo o próprio. A imprensa pediu a divulgação pública dos resultados, mas sem sucesso.

O Hospital das Forças Armadas, onde o Presidente realizou os exames, apresentou uma lista de infetados com o novo coronavírus, mas omitiu os nomes de duas pessoas que testaram positivo nessa unidade hospitalar, segundo a imprensa local.

Nas declarações ao país, Jair Bolsonaro disse ainda acreditar na capacidade dos cientistas e investigadores para a cura da doença, afirmando que o Governo brasileiro já recebeu notícias positivas sobre o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.

Devido à afluência verificada nas farmácias para a aquisição de cloroquina, as autoridades de saúde brasileiras anunciaram, na semana passada, que a compra deste medicamento estará sujeita a receita médica, uma vez que continua a ser necessário para doentes com artrite, lúpus e malária.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, pelo oitavo dia consecutivo, milhares de brasileiros manifestaram-se a partir de casa para criticar a atitude passiva do chefe de Estado face à pandemia.

ZAP // Lusa

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