Enfermeiros que deixem de ser chefes regressam ao início da carreira

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Há enfermeiros que regressaram ao início de carreira depois de terem abandonado as suas funções de chefia, revela o jornal Público.

Tal como escreve o matutino, que avança a notícia esta quinta-feira, para que estes profissionais possam ser chefes, têm antes de ser especialistas. Contudo, se deixaram o seu cargo de liderança, voltam à categoria mais baixa da carreira, a de enfermeiro.

Isabel Nunes, coordenadora da unidade de cuidados na comunidade de Odivelas, distrito de Lisboa, explicou ao Público que, na prática, é como se estes profissionais que antes eram chefes regressassem ao início do seu percurso profissional, uma vez que não ficam posicionados na categoria de especialista, nem de gestor (posição criada recentemente).

O enfermeiro-gestor é uma nova categoria prevista na nova carreira de enfermeiro. Contudo, para que estes profissionais possam entrar nesta categoria, têm de se submeter a concurso, que não abrem com muita frequência.

Por tudo isto, os profissionais consideram que estão a ser “despromovidos de modo grosseiro” e “desqualificados de forma lesiva”. De acordo com o jornal Público, são  vários os enfermeiros afetados por esta medida e até já foi organizado um grupo que já se queixou à Provedora de Justiça e ao Presidente da República.

Paulo Cunha, enfermeiro há 21 anos, especialista em reabilitação e com uma pós-graduação em gestão de serviços de saúde, é um dos casos abordados pelo jornal.

Há cerca de um ano, deixou as suas funções de chefia que exercia e foi colocado na posição mais baixa da carreira. Recentemente, meteu uma licença sem vencimento e pondera abandonar de vez a função pública. Diz estar “muito desmotivado”.

“Qual não foi o meu espanto quando me disseram: ‘vai ficar como enfermeiro’. É surreal. Estive de atestado durante algum tempo, com acompanhamento psicológico e medicação”.

Atualmente, trabalha num lar de idosos de uma instituição particular de solidariedade social, onde entrou logo como chefe. “Ganho menos mas sou mais feliz”.