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DGS admite falta de médicos para lidar com o coronavírus

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José Sena Goulão / Lusa

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas

A DGS admite que há uma falta de médicos e especialistas para enfrentar o novo coronavírus. A diretora-geral, Graça Freitas, teve de recorrer a peritos externos.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) perdeu vários especialistas experientes e, até muito recentemente, só contava com a própria diretora-geral para tomar decisões. Há um plano de contingência para enfrentar o coronavírus, mas há uma assumida falta de médicos.

“Os anteriores diretores-gerais da Saúde tinham quatro subdiretores. Graça Freitas só tem dois e nenhum estava ao serviço. Um por baixa médica, compreensível, e outro por licença de paternidade, que devia ter interrompido logo que foi decretada a situação de ameaça internacional”, explica um dos peritos externos que tem apoiado a diretora-geral da DGS.

Graça Freitas reconhece que há um problema devido a várias saídas: “Perdi muitos técnicos. Todos os meus diretores de serviços saíram para a reforma, para outros cargos no Governo ou para retomarem a carreira académica. São estas as circunstâncias que temos e é com elas que estou a trabalhar, tal como outros peritos da rede de saúde pública que nos estão a ajudar”, disse, citada pelo Expresso.

Controlar o novo coronavírus tem sido a principal tarefa da Direção-Geral da Saúde nos últimos tempos. Todavia, a falta de decisores experientes dos quadros da DGS obrigou a que Graça Freitas tivesse de recorrer a consultores externos para a ajudar.

No caso do repatriamentos dos portugueses em Wuhan, a organização acabou por falhar. Embora o avião tenha chegado com alguns dias de atraso, a poucas horas da chegada dos portugueses, os enfermeiros ainda procuravam colchões e termómetros.

Número de mortos sobe para 722

O número de mortos provocado pelo surto do novo coronavírus na China aumentou esta sexta-feira para 722, anunciou a Comissão Nacional de Saúde chinesa, que registou um aumento de novos casos superior ao que se vinha verificando nos últimos dias. Contam-se mais 3.399 casos, enquanto na sexta-feira tinha havido 3.143 novas infeções, ao cabo de vários dias em que o número de novos casos tinha vindo a descer.

As autoridades de saúde estão a tratar 6.101 pacientes em estado grave e já deram alta a 2.050 pessoas que contraíram a pneumonia provocada pelo novo coronavírus, detetado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, na província central de Hubei. Desde o começo do surto, já foram acompanhadas 345.498 pessoas por suspeita de infeção, 189.660 das quais continuam sob observação.

O médico chinês que deu o primeiro alerta sobre o surto do novo coronavírus morreu na quinta-feira, depois de ter contraído pneumonia na semana passada, anunciou o hospital onde estava internado. O oftalmologista Li Wenliang de 34 anos, foi “infelizmente contaminado durante o combate à epidemia de pneumonia do novo coronavírus”, afirmou, na sua conta na rede social Facebook, o hospital central de Wuhan.

A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países. A Organização Mundial de Saúde declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong. As pessoas infetadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que varia entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detetado.

Um norte-americano morreu devido ao novo coronavírus, anunciou este sábado a embaixada dos Estados Unidos, sobre a primeira morte confirmada de um estrangeiro na China.

“Podemos confirmar que um cidadão norte-americano, de 60 anos, declarado portador do coronavírus morreu num hospital de Wuhan, no dia 6 de fevereiro”, disse um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos em Pequim.

“Apresentamos as nossas condolências à família”, acrescentou o porta-voz, precisando que não seria feito qualquer outro comentário para manter a privacidade dos familiares.

ZAP // Lusa

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