Carros incendiados, explosivos, dezenas de detidos. O que se passa em Los Angeles?

Caroline Brehman / EPA

Com o travão à imigração ilegal em vista, Trump ordenou rusgas pelos bairros hispânicos. Mas a população não ficou contente — em especial quando chegaram ao local de protestos forças militares invulgares, a Guarda Nacional.

A polícia de Los Angeles (LAPD) declarou na noite deste domingo que não está autorizada a concentração de manifestantes. Em protesto contra isso, vários carros foram incendiados.

De várias pontes sobre a autoestrada grupos de manifestantes atiraram pedras e dejetos para cima dos carros da polícia, gritando slogans e empunhando bandeiras, sobretudo do México, mas também algumas da Palestina. A maioria dos manifestantes usava chapéus e máscaras ou lenços a tapar a cara.

Ouvem-se explosões por todo o centro da segunda maior cidade norte-americana, chamas eclodem, uma jornalista já foi mesmo atingida por uma bala de borracha. A polícia usa granadas de flash-bang e gás pimenta para travar a multidão, qeu usa dispositivos incendiários.

Os distúrbios provocaram a paragem temporária da autoestrada 101 e houve até relatos de pilhagens, segundo avança a BBC.

São apenas os mais recentes desenvolvimentos dos violentos protestos em Los Angeles, que já decorrem desde sexta feira e já resultaram na detenção de dezenas de manifestantes. Mas o que suscitou a onda de revolta?

Rusgas e Guarda Nacional

A administração Trump prometeu desde sempre travar a imigração ilegal. Agora,  agentes do Immigration Customs Enforcement (ICE), que fiscaliza a imigração, estão a realizar rusgas em zonas da cidade com populações hispânicas. 

Também em Paramount, ainda mais a sul e perto da comunidade luso-americana de Artesia, as autoridades recorreram igualmente a disparos com munições de borracha e granadas de gás em distúrbios relacionados com as rusgas do ICE.

Revoltosa contra a vaga de detenções de migrantes, a população saiu à rua em protesto. Na noite de sábado, porém, Donald Trump tomou uma decisão histórica: condenando o que apelidou de “multidões violentas e insurrecionais”, enviou para o local 2.000 soldados da Guarda Nacional.

Foi a primeira vez em 6 décadas, relata a DW, que um presidente dos EUA convocou militares da reserva do estado sem o consentimento de um governador.

Geralmente, estas forças militares servem para prestar assistência em casos de desastre. No entanto, o seu destacamento para Los Angeles desencadeou ainda mais revolta da população.

“Sobrenome errado”

Entre a comunidade portuguesa de Los Angeles, algumas pessoas testemunham diretamente os distúrbios. Nelson Abreu, engenheiro elétrico, estava de serviço quando assistiu à fuga de imigrantes junto ao edifício do Home Depot, em Cypress Park.

“Vi gente a fugir do ICE. Gente que só quer trabalhar no duro”, descreveu. “Gente que os Estados Unidos precisam para movimentar a economia”, continuou, considerando errado perseguir “quem trabalha em bairros étnicos” ou “tem o sobrenome errado”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP // Lusa

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