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Costa não quer discutir sucessão no PS (e sugere manter-se em funções para uma terceira legislatura)

Manuel Araújo / Lusa

Cem dias depois de iniciar o seu segundo mandato, o primeiro-ministro António Costa diz que se vê nesse papel durante mais uns bons anos – e, talvez, numa terceira legislatura.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, o socialista não vê necessidade de discutir a sucessão no PS em 2022, penúltimo ano deste mandato. Costa admite manter-se como líder socialista depois disso. “No final desta legislatura, avaliarei se continuarei a ser a pessoa certa”, disse.

Afastando um debate sobre a sua sucessão na liderança do PS, Costa afirmou que não vê “nenhuma razão para a sucessão no PS começar a ser debatida em 2022” e sublinhou que está “de boa saúde pessoal e política”. Ainda assim, garantiu que não está preocupado e afirmou que enquanto líder do PS tem procurado “criar as melhores condições para que os diferentes quadros do partido se possam afirmar”.

Apesar de considerar a discussão “manifestamente prematura”, Costa antecipou que considera “improvável” manter-se na liderança do PS até 2030. Porém, o primeiro-ministro tenciona continuar na política “até aos 70 anos”.

Sobre uma eventual saída do ministro das Finanças para um outro cargo, Costa admitiu ao JN que Centeno já ultrapassou o período que seria expectável à frente da pasta das Finanças. “Toda a gente sabe que na vida política nada é eterno. Eu também não estarei aqui, seguramente, o resto da minha vida. É normal que as pessoas olhem para a vida de uma forma diversa”, observou o primeiro-ministro.

Caso Luanda Leaks, Rui Pinto e Tancos

Sobre a investigação à empresária angola, o primeiro-ministro disse ao JN esperar que “as vicissitudes judiciais que atingem a engenheira Isabel dos Santos não tenham impacto na atividade económica das empresas de que é titular.

Se as participações estão arrestadas haverá um administrador judicial que exerça os direitos próprios da titular”, argumentou para afastar a perceção de risco que o processo judicial possa fazer descer sobre empresas relevantes no tecido económico nacional.

António Costa não negou terem existido contactos com Angola sobre o caso. Aliás, os contactos são “correntes e permanentes”, disse.

Já em relação à transposição da diretiva sobre a proteção de denunciantes para a legislação nacional, com referência direta ao caso de Rui Pinto, António Costa disse que a legislação portuguesa “já tem várias medidas. Já valoriza significativamente a colaboração com a justiça, mesmo por parte de quem cometeu algum crime”. Quanto ao hacker português que está detido, “a justiça dirá se Rui Pinto é um herói ou um criminoso”.

Em relação ao caso Tancos e à preferência do juiz Carlos Alexandre em ouvir o primeiro-ministro presencialmente, Costa esclarece que está a ser ouvido como testemunha do ex-ministro Azeredo Lopes e não como arguido ou testemunha de acusação. Tudo o que havia a esclarecer “ficou devidamente esclarecido na comissão parlamentar” sobre o caso.

Alta velocidade e regionalização só em 2027

Ao JN, Costa pediu “bom senso” em dois temas. Um deles é a regionalização, na qual, disse, ainda há um caminho a percorrer para reforçar a confiança do país nesse processo” e que não quer criar “conflitos institucionais”, quando sabe que o Presidente da República que foi “o grande inimigo da regionalização”.

O outro tema é a alta velocidade em Portugal. “A discussão deve ser feita com condições políticas adequadas” e no quadro financeiro que está a ser negociado em Bruxelas ainda não “haverá dotação financeira para este investimento”.

Por isso, o primeiro-ministro atira para o próximo quadro a partir de 2027. “Ao longo destes sete anos temos de fazer esse debate, tomar decisões, definir um traçado para que o outro quadro comunitário possa ter essa dotação”.

ZAP //

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