O que é que Carlos Alexandre quer perguntar a António Costa

Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro tem cerca de 10 dias para responder às 100 perguntas que o juiz Carlos Alexandre lhe enviou, por escrito, no âmbito do processo do roubo de armas em Tancos. Entre as perguntas do magistrado, estão questões relativas aos contactos que manteve com o Presidente da República, o ministro da Defesa e os chefes militares, bem como quando teve conhecimento da encenação da Polícia Judiciária Militar (PJM).

O primeiro-ministro vai responder por escrito na qualidade de testemunha do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, arguido do caso de Tancos, por decisão do juiz Carlos Alexandre que lhe formulou 100 perguntas.

António Costa tem um prazo de 10 dias para responder às 100 perguntas formuladas pelo juiz, as quais poderão, posteriormente, suscitar pedidos de esclarecimento dos advogados e do Ministério Público.

Entre essas perguntas, Carlos Alexandre pretende saber se o primeiro-ministro tinha conhecimento das condições de segurança dos paióis de Tancos, nomeadamente dos problemas que havia, e se também o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, os conhecia.

O magistrado também pergunta quando é que Costa soube e quem o informou do furto e se falou dele com o Presidente da República, com o ex-ministro da Defesa, com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, com o chefe do Estado-Maior do Exército, com o director da PJM, Luís Vieira, com o ministro dos Negócios Estrangeiros e com os responsáveis pelos serviços de segurança e informações.

Carlos Alexandre pergunta ainda sobre se Costa conhecia o teor das relações entre o director da PJM e Azeredo Lopes e se estes mantiveram reuniões para acompanhar o caso, bem como se recebeu o memorando e a fita do tempo com a descrição do furto e a posterior recuperação das armas.

O primeiro-ministro também é questionado sobre se falou com Azeredo Lopes sobre a recuperação das armas antes do debate quinzenal e durante o Conselho de Ministros, ou se abordou Marcelo Rebelo de Sousa sobre a investigação ao assalto.

O processo de Tancos tem 23 acusados, incluindo o ex-director nacional da PJM, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino que é apontado como o cabecilha do furto. Em conjunto, respondem por crimes de terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influências, abuso de poder, receptação e detenção de arma proibida.

O furto das armas em Tancos foi divulgado pelo Exército a 29 de Junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior. A alegada recuperação do material de guerra furtado teria ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em Outubro de 2017 numa operação da PJM em conjunto com elementos da GNR de Loulé.

ZAP // Lusa

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