O candidato à liderança do CDS-PP defende que o partido deve, no imediato, fortalecer-se e depois participar numa “plataforma à direita” de alternativa ao PS, com o PSD, mas sem o Chega.
“A alternativa à governação socialista deve ser promovida através de uma plataforma à direita que reúna várias forças, designadamente as tradicionais que governaram a última vez antes do PS governar, que é o PSD e o CDS”, disse, numa entrevista à agência Lusa, João Almeida, um dos cinco candidatos à liderança do partido.
No caso de a direita ter maioria parlamentar em eleições legislativas, o PSD é o parceiro natural do CDS, defende, e pensar em incluir novos partidos, como o Chega, é “questão que não se coloca”.
“Temos um parceiro tradicional com o qual já governámos, com o qual tivemos maiorias absolutas para governar, que é o PSD. E, portanto, é aí que nós temos de estabelecer as nossas pontes, estabelecer o nosso diálogo e só mais tarde é que se poderá ver se eventualmente faz sentido alargar essa plataforma ou não”, afirmou ainda.
E João Almeida recusa ser ele a “antecipar qualquer alargamento de uma plataforma eleitoral até porque, antes disso”, é preciso “fortalecer a posição do CDS”, seria errado taticamente “fragilizar a posição” e “admitir acordos com quem representa [no Parlamento] muito menos que o CDS”.
“O caminho normal é o CDS fortalecer-se, fazer o seu trabalho interno e externo para recuperar a representatividade que tinha”, acrescentou. Mas o Chega não é, para o ex-secretário de Estado, uma “pedra no sapato” para os centristas.
“Mal era. Não faz sentido focar nos novos partidos aquilo que foi o resultado eleitoral do CDS, porque o CDS perdeu muito mais votos para a abstenção e para outros partidos do que propriamente para os dois que apareceram à direita”, disse João Almeida, notando que o partido “perdeu 13 deputados”, quando “o Chega e a Iniciativa Liberal juntos têm dois”.
Assumindo o papel do CDS como partido da oposição, o candidato a líder do CDS delimita um eventual diálogo com o PS a algumas áreas, mas restritas. “Não vejo espaço para grandes convergências em matérias estruturais, mas não tenho nenhuma objeção a conversar com o PS em questões [pontuais] em que as posições do CDS possam fazer o seu caminho” e a opção do PS seja “mais próxima do CDS”, admitiu.
Numa entrevista ao Observador, o candidato à liderança centrista afirmou ainda que não conta com o apoio da atual líder, Assunção Cristas, e que também não aceita o rótulo de ser o “candidato da continuidade”.
“Para [os outros candidatos] terem tanto esforço a apontar isso é porque não sou e querem muito que seja”, argumentou numa mini-entrevista ao jornal digital. “Do ponto de vista do estilo, sou da continuidade de mim mesmo, que já demonstrei em muitas propostas. O meu estilo sempre foi o meu estilo, não é o de mais ninguém”.
Sobre as questões ligadas ao aborto ou ao casamento homossexual, João Almeida não vê razões para mexer nessas leis. “Havendo produção de efeitos jurídicos da solução que foi consagrada, não podemos andar a mudar a lei e a brincar com a vida das pessoas a toda hora”.
Os candidatos à liderança do CDS são Abel Matos Santos, João Almeida, Filipe Lobo d’Ávila, Francisco Rodrigues dos Santos e Carlos Meira.
O 28.º Congresso nacional, marcado para 25 e 26 de janeiro em Aveiro, vai eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança dos centristas, que decidiu deixar o cargo na sequência dos maus resultados nas Legislativas de outubro de 2019 (4,2% e cinco deputados).
ZAP // Lusa