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Costa desmente guerras entre ministros. Relação com Centeno “é de estima, respeito mútuo, de trabalho em equipa”

Clara Azevedo / Portugal.gov.pt

Em entrevista ao jornal Público, o primeiro-ministro garantiu que a sua relação com o ministro das Finanças “foi sempre melhorando” desde que se conheceram há cinco anos, considerando que seria “muito bom” que Mário Centeno fosse reeleito para a presidência do Eurogrupo.

Ao Público, António Costa não poupa elogios ao ministro de Estado das Finanças, afastando a existência de qualquer “zanga” a propósito do orçamento europeu após as divergências de pontos assumidas no último Conselho Europeu.

“Ao longo deste cinco anos, [a minha relação com Centeno] só foi sempre melhorando, quer pelo conhecimento mútuo, quer, felizmente, também, pelo sucesso coletivo que temos tido”, sublinhou o chefe do Governo.

A divergência tornada pública no última reunião europeia “não teve nada a ver com o ministro das Finanças”. “A divergência não é entre o primeiro-ministro de Portugal e o ministro das Finanças de Portugal”, é “entre Portugal e o Eurogrupo” e é por isso, segundo Costa, que nos últimos dias desde o líder do PSD, Rui Rio, ao BE “toda a gente concordou” que a solução para o orçamento europeu “não é benéfica para Portugal”.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do executivo português apoia a reeleição de Centeno para a presidência do Eurogrupo. “Se ele desejar ser reeleito e tiver condições para isso, é muito bom que aconteça. o trabalho global do prof. Mário Centeno no Eurogrupo tem sido francamente positivo”, afirmou o primeiro-ministro.

António Costa reiterou que o modelo para o orçamento europeu aprovado pelo Eurogrupo “está mal desenhado”, mas considera positivo que o Conselho Europeu possa agora fazer o debate.

O chefe do executivo português indicou ainda, em declarações ao Público, que “há imagens televisivas” da sua conversa com Centeno na última reunião europeia em que “se percebe que ninguém está zangado com ninguém”.

Rematando o assunto, António Costa deixou claro que a sua relação com o ministro das Finanças é de “é uma relação de estima, respeito mútuo, de trabalho em equipa que felizmente tem sido muito frutuoso ao longo destes anos”.

“Não há guerras entre ministros”

Na entrevista ao Público, o primeiro-ministro negou também a existência de um clima de tensão durante a elaboração do Orçamento de Estado de 2020, cujas medidas já foram reveladas. “Quem esteve nos Conselhos, como eu estive, não notou nada disso. Devo dizer-lhe que foi talvez, internamente ao Governo, dos mais fluidos de se elaborar no seio do Governo”, frisou.

“Não há guerras entre ministros, há aquilo que é próprio. Eu digo o que necessito, o ministro das Finanças diz o que é possível e vemos em função do conjunto do que é necessário e daquilo que é possível, compomos o melhor OE possível”, afirmou.

De acordo com António Costa, se fossem satisfeitas integralmente todas as propostas de todos os ministros “nem vinte OE pagavam aquilo que é necessário”. “Portanto o exercício de elaboração do OE é sempre um exercício coletivo, em que naturalmente o ministro das Finanças tem um papel essencial, em que o primeiro-ministro tem um papel fundamental de arbitragem e cada ministro tem um papel indispensável”, nota.

“Não é de esquerda promover défices e aumentar dívida”

Na terça-feira, o primeiro-ministro afirmou que não há qualquer razão para que as forças à esquerda do PS não aprovem o orçamento, defendendo que a proposta consolida o caminho iniciado em 2016 e não apresenta qualquer retrocesso, dando “continuidade” às políticas da legislatura anterior.

Ao Público, Costa lembrou que, na legislatura anterior, nas posições conjuntas assinadas com PCP e Bloco de Esquerda, não havia nenhum compromisso de aprovações dos Orçamentos de Estado. Isso não impediu que a esquerda tivesse aprovado quatro orçamentos. Agora não deverá ser diferente, disse.

Questionado sobre o facto de a proposta para o próximo ano apresentar um excedente orçamental de 0,2%, o que pode não ser bem recebido à esquerda, que tem exigido mais investimento nos serviços do Estado, António Costa desdramatizou: “Não creio que seja de esquerda promover défices e aumento de dívida. Ser de esquerda é assegurar boas condições de financiamento das políticas públicas”.

Aliás, adiantou ao jornal que foi este aspeto que permitiu ao Governo “investir 550 milhões de euros na redução dos pagamentos em atraso no SNS”.

Sobre o reforço no orçamento da Saúde, o primeiro-ministro disse que o Governo “não está simplesmente a atirar dinheiro para cima dos problemas, mas estamos também a adotar medidas de incentivo e motivação aos profissionais, medidas que dão uma maior autonomia”.

Em relação às medidas para as empresas, Costa disse que o maior contributo que o Governo dá “para o crescimento das empresas é manter a estabilidade do cenário macroeconómico”, sendo este um fator que tem permitido reduzir as taxas de juro para as empresas.

ZAP //

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