Uma equipa de investigadores descobriu uma estrela de hipervelocidade que foi ejetada do centro da nossa galáxia pelo seu buraco negro supermassivo residente, Sagittarius A*.
Sergey Koposov, investigador da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, descobriu a estrela S5-HVS1. Localizada na constelação de Grus, a S5-HVS1 movia-se dez vezes mais rápido do que a maioria das estrelas que compõem a Via Láctea.
As estrelas de alta velocidade só foram descobertas há cerca de 20 anos. A S5-HVS1 é, desta forma, uma estrela sem precedentes, graças à sua velocidade e ainda por ter passado muito perto da Terra, a “apenas” 29 mil anos-luz de distância.
Com estas informações, os investigadores poderiam ser capazes de monitorizar a sua jornada em torno do centro da Via Láctea, onde mora um buraco negro com cerca de 4 milhões de massas solares, conhecido como Sagittarius A*.
“Já suspeitamos há muito tempo de que os buracos negros conseguem ejetar estrelas a velocidades muito altas. No entanto, nunca tivemos uma associação inequívoca entre uma uma estrela tão rápida e o centro galáctico”, afirmou Sergey Koposov, principal autor do artigo científico, publicado recentemente na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
“Achamos que o buraco negro ejetou a estrela a uma velocidade de milhares de quilómetros por segundo, há cerca de cinco milhões de anos. Essa ejeção aconteceu no momento em que os ancestrais da Humanidade estavam a aprender a andar com os dois pés, continuou o investigador, citado pelo Phys.org.
As estrelas super-rápidas podem ser ejetadas por buracos negros através do Mecanismo de Hills, teorizado há 30 anos pelo astrónomo Jack Hills.
Segundo os cientistas, a estrela S5-HSV1 vivia com um companheiro num sistema binário, mas começaram a aproximar-se muito de Sagittarius A*. Perante esta “discussão gravitacional”, a estrela companheira foi capturada pelo buraco negro da Via Láctea, enquanto que S5-HVS1 foi ejetada para fora da galáxia a uma velocidade extremamente alta.
“Esta é a primeira demonstração clara do Mecanismo Hills em ação”, afirmou Ting Li, investigador do Carnegie Observatories e da Universidade de Princeton, e líder da S5 Collaboration.
A descoberta da S5-HVS1 foi feita com o Anglo-Australian Telescope (AAT), de 3,9m, perto de Coonabarabran, na Austrália, juntamente com observações do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA), e permitiu aos astrónomos revelar a velocidade da estrela e toda a sua jornada no centro da Via Láctea.