A ministra britânica do Trabalho e das Reformas anunciou, na noite deste sábado, a sua demissão em protesto contra a expulsão de militantes do Partido Conservador pelo Governo de Boris Johnson relacionada com a crise do Brexit.
“Não posso ficar enquanto conservadores bons, leais e moderados são expulsos“, declarou num comunicado a ministra e deputada, numa referência à expulsão de 21 deputados tories que esta semana votaram com a oposição um projeto de lei para evitar um Brexit sem acordo.
O Governo de Boris Johnson está confrontado com uma profunda crise depois de ter decidido suspender as sessões parlamentares a partir de meados da próxima semana, uma medida rejeitada por uma parte dos conservadores e pelos partidos da oposição.
Em declarações ao Sunday Times, Amber Rudd acrescentou que vai abandonar o grupo parlamentar conservador e tornar-se deputada independente.
Boris Johnson tem defendido que o Reino Unido deve sair da União Europeia em 31 de outubro, incluindo na ausência de um acordo com o bloco comunitário.
A Câmara dos Lordes, câmara alta do Parlamento britânico, aprovou na sexta-feira o projeto de lei para impedir um Brexit sem um acordo, possibilitando que o texto seja promulgado nos próximos dias.
O texto foi aprovado sem propostas de alteração, pelo que não necessita de ser debatido e votado novamente na Câmara dos Comuns na segunda-feira, aguardando apenas o selo da Rainha Isabel II para ser promulgado como lei.
A legislação exige que o primeiro-ministro peça uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro, caso o Parlamento não aprove um acordo de saída ou não autorize uma saída sem acordo até 19 de outubro.
Mesmo que o Governo britânico avance com o pedido, a extensão precisa depois de ser deferida unanimemente pelos restantes 27 Estados membros da UE.
Na quinta-feira, Boris disse que “preferia estar morto numa valeta” do que pedir a Bruxelas um novo adiamento, o qual considera “inútil”, desafiando a oposição a apoiar a proposta de eleições antecipadas.
Esta semana, Jo Johnson, irmão do primeiro-ministro, também deixou o Governo ao alegar incompatibilidade entre “lealdade à família e o interesse nacional”.
ZAP // Lusa