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Catarina Martins diz que programa eleitoral é “essencialmente social-democrata”

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A líder do Bloco de Esquerda (BE) classificou esta segunda-feira o programa eleitoral bloquista de “essencialmente social-democrata” e avançou “o investimento e o trabalho” como “duas grandes condições” para um eventual Governo de esquerda após as eleições.

“Identificamos o investimento e o trabalho como as duas grandes questões para a legislatura. São duas grandes condições para o que o próximo Governo vai fazer”, afirmou, em entrevista à rádio Observador, Catarina Martins, coordenadora do BE, que apoiou o Governo minoritário do PS nos últimos quatro anos.

Para a líder bloquista, “as questões do direito laboral e do investimento são fundamentais para a próxima legislatura”, ressalvando que há medidas adaptadas no período da troika que não foram revertidas e deu como exemplo as horas extraordinárias.

Nesta entrevista, Catarina Martins expressou dúvidas sobre a promessa de António Costa, líder do PS, de que procurará acordos com os partidos à esquerda mesmo se tiver maioria absoluta nas legislativas de outubro. “A questão não é se eu acredito. Alguém acredita?”, questionou.

Para Catarina Martins, “uma maioria absoluta do PS não parece que seja caminho para resolver os problemas que o país tem, não foi no passado” e não há “razões para acreditar que será no futuro”, afirmou.

O Bloco, acrescentou, concorre às eleições “com um programa que quer que seja Governo e está preparado para assumir todas as responsabilidades”. Um programa eleitoral que definiu “essencialmente social-democrata, no sentido em que corrige os excessos com controlo da economia e mecanismos de igualdade”.

“Vivemos tempos muito difíceis e muito complicados. Nunca a desigualdade na distribuição de riqueza foi tão grande na Europa como agora e antes da Primeira Grande Guerra. O BE é um partido socialista. Isso é claro. Quer uma economia absolutamente diferente em que não haja uma minoria detentora dos meios de produção e que portanto se decida como a riqueza é distribuída, diga-se de passagem sem ser sempre em benefício de uma pequeníssima elite e com um prejuízo de enorme minoria”, afirmou.

Considerando que a democracia com desigualdade não é a verdadeira democracia “porque uma pessoa que não tem o suficiente para viver, que é muito precária não tem a mesma liberdade de que tem tudo para tomar as decisões que quer”, Catarina Martins defende que é preciso ultrapassar esta fase e inaugurar uma nova etapa.

“Queremos ultrapassar esta fase e conseguirmos ser capazes de construir uma outra. Nós no BE não temos a ideia de que existe um regime perfeito algures, à espera de ser copiado. Achamos que a história vamos construindo nos seus debates diferentes e a ideia que nós temos é essa ideia de superação, e é uma ideia que não passa sem democracia”, acrescenta.

Questionada sobre se a propriedade é roubo, a líder do Bloco responde que os bens comuns são monopólios naturais e “tudo o que mexe com a capacidade de nós enquanto democracia definirmos o futuro que queremos”.

Embora reconheça que a situação do país está melhor do que há quatro anos, Catarina Martins defende que é preciso avançar em vários pontos, identificando o investimento e trabalho como as duas questões fortes da legislatura.

Nós fomos tão longe quanto a relação de forças nos permitia. Mas já fomos mais longe do que muita gente imaginaria. Estamos melhor do que estávamos há quatro anos. Não estamos a discutir agora se vamos cortar muito ou pouco ou se vamos acabar com os cortes”, observa.

Ainda assim, critica a reforma laboral e o sistema fiscal. “Os impostos têm de ser mais justos. Há quem ganhe muito e pague muito pouco, e quem ganhe pouco e esteja a pagar muito do seu esforço”, insiste. Sobre o sistema financeiro, a líder bloquista reafirma que deve ser público “porque é essencial para toda a economia” e quando “estoira quem paga são os contribuintes.”

Confrontado sobre o PAN, Catarina Martins considera que não se trata de ameaça, sublinhando que quando esse partido cresce, o BE cresce também. Mas sustenta que enquanto partido temático que ganha cada vez mais expressão, André Silva necessita de definir melhor alguns pontos.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. que maravilha de programa! deveriam apresentar programas exequíveis e não coisas friccionadas. se fossem avante com o que propoem o pais não tinha capacidade para comportar tudo. Mais 100.000 FP?? privatizar TAP, EDP etc. ao preço de mercado seriam valores irreais. mas é o que as pessoas querem ouvir e é isso que eles apresentam.

  2. Aquilo que propões esta sirigaita do Bloco, é uma autêntica burla eleitoral. Este BE vai começar a mostrar a sua insignificância.

  3. “enquanto partido temático que ganha cada vez mais expressão, André Silva necessita de definir melhor alguns pontos.”
    Enquanto isso, o bloco de esquerda faz o contrário: encobrindo as suas bases ideológicas de matriz neo-comunista e agarrando-se a temas de fait divers (como LGBT, maconha, feminismo, …) que por mais meritórios que sejam em si mesmos não são aí mais que uma cortina de fumo para esconder a identidade do partido. Partido que teve a ideia (ideia infeliz para o resto da sociedade portuguesa) de que o caminho para implementar modelos que ninguém concorda é esconde-los atrás de banalidades vácuas! Bora lá todos a “fazer mais e melhor” (como se o que distingue o Bloco de outros partidos fosse uma capacidade maior de fazer contas ou uma maior vontade de fazer toda a gente feliz).

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