O australiano Angus Houston, responsável pela operação internacional de busca pelo voo MH370, afirmou nesta sexta-feira que pode levar até um ano para que o avião desaparecido da Malaysia Airlines seja encontrado.
O responsável diz, no entanto, estar confiante de que a aeronave será encontrada.
Na próxima semana, representantes da Austrália, China e Malásia vão reunir-se na capital australiana, Camberra, para discutir o andamento das buscas. A reunião na Austrália ajudará a definir a próxima etapa das operações de busca, disseram autoridades.
“Esse encontro é muito importante porque formalizará o caminho que devemos seguir para garantir que a operação continue com urgência e não seja interrompida”, afirmou Houston.
A busca por destroços da aeronave foi adiada sem prazo determinado. Já a operação no solo submarino será estendida para a área onde as autoridades acreditam – com base em imagens de satélite – que o avião tenha caído.
“A busca deverá levar provavelmente cerca de oito meses, talvez de oito a 12 meses se apanharmos mau tempo ou tivermos outros problemas”, disse Houston.
“Estamos totalmente comprometidos em achar o MH370 e estou pessoalmente confiante de que, com uma busca efetiva, nós acharemos em algum momento essa aeronave”.
Relatório
Na noite da última quinta-feira, as autoridades da Malásia divulgaram um relatório preliminar sobre o avião desaparecido.
Um rascunho do estudo descreve que os controladores de tráfego aéreo do Vietname contactaram os seus colegas de Kuala Lumpur às 01h38 (hora local) para comunicar sobre o desaparecimento do avião, 17 minutos depois de deixar de aparecer nos radares.
A operação de busca e resgate teve início quatro horas depois, às 05h30 locais.
O relatório também recomendou a introdução de um rastreamento em tempo real de voos aéreos comerciais, ao destacar que houve duas ocasiões recentes em que grandes aviões desapareceram sem deixar registros de suas últimas posições – os voos MH370 e o AF447, da Air France, em 2009 (que caiu no meio do Oceano Atlântico, com 228 passageiros a bordo).
Atualmente, não há qualquer exigência de rastrramento por parte da Autoridade de Avião Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês), o órgão das Nações Unidas que fiscaliza a aviação global. “Essa incerteza criou uma dificuldade significativa para localizar o avião em tempo útil”, informou o relatório.
Enquanto isso, a Malaysia Airlines pediu aos familiares dos passageiros para deixar o hotel em Kuala Lumpur onde estão temporariamente hospedados e ir para casa.
A companhia aérea diz demonstrar “profunda solidariedade à angústia contínua e inimaginável, e ao dano sofridos por aqueles com entes queridos a bordo do avião”, mas alertou que as buscas seriam “um processo longo”.
A empresa acrescentou ainda que os familiares devem aguardar por atualizações “no conforto de suas casas”.
Resposta rápida
O estudo preliminar, do Ministério dos Transportes da Malásia, também apontou que os controladores de tráfego aéreo só perceberam que o avião tinha desaparecido 17 minutos depois de não estar mais nos radares.
A aeronave, com 239 pessoas a bordo, desapareceu no dia 8 de março enquanto sobrevoava o Mar do Sul da China. O avião partiu de Kuala Lumpur, na Malásia, e deveria aterrar em Pequim, na China, seis horas depois.
As autoridades acreditam, no entanto, que o avião tenha caído no mar em algum ponto a oeste da cidade australiana de Perth, a milhares de quilómetros da sua rota original.
O motivo do desvio permanece desconhecido. Uma operação de buscas envolvendo vários países ainda ainda não encontrou vestígios da aeronave.
No início desta semana, a Austrália anunciou que a operação estava a entrar numa “nova fase”, depois de realizar uma busca na área onde tinham sido captados sinais eletrónicos semelhantes aos da caixa-negra do avião.
ZAP / BBC