O ex-procurador especial, que se encarregou de investigar as alegadas ligações da equipa do Presidente norte-americano com a Rússia vai, esta quarta-feira, ao Congresso explicar mais uma vez o que diz o seu relatório.
A visita de Robert Mueller ao Congresso norte-americano está marcada para esta quarta-feira e, segundo o The Guardian, é esperada por muitos com grande expectativa. Esta será a primeira vez que o ex-procurador especial, que se encarregou de investigar as alegadas ligações da equipa do Presidente norte-americano com a Rússia, vai falar pela primeira vez publicamente sobre as conclusões do relatório.
Para os democratas, o testemunho de Mueller poderá revigorar o debate sobre a necessidade de mover um processo de destituição (‘impeachment‘) contra Donald Trump, assim como perceber se têm o apoio do povo norte-americano nesta questão.
“Não podemos deixar de enfatizar que esta será a primeira vez para muitos, muitos americanos para ouvir o que está contido no relatório de Mueller”, afirmou ao jornal britânico David Cicilline, democrata de Rhode Island que faz parte do Comité Judiciário.
“Não acho que alguém deva esperar que haja um novo momento explosivo em que Mueller acrescente algo que a investigação já não cobriu, mas o conteúdo do relatório é condenatório e explosivo“.
Mueller vai comparecer perante o Comité de Inteligência e o Comité Judiciário durante seis horas, naquela que será a sua primeira e única avaliação pública do seu trabalho perante os legisladores no Capitólio.
Espera-se que o primeiro grupo se vá focar em saber se a campanha de Trump de facto estava coordenada com os russos, enquanto que o outro vai examinar se as ações do Presidente podem mesmo ser consideradas obstrução.
Recorde-se que, no relatório de mais de 400 páginas, o ex-diretor do FBI detalhou os muitos contactos estabelecidos entre Moscovo e a equipa de campanha de Trump, mas concluiu não ter provas suficientes para acusar criminalmente o agora Presidente.
No final de maio, Mueller, que entretanto se demitiu do cargo, quebrou o silêncio, para surpresa de todos, e explicou que as suas investigações não tinham ilibado o Presidente, mas sublinhou que o Congresso tinha competência para o responsabilizar pelos seus atos.
De acordo com o jornal britânico, estas recomendações deixaram os democratas divididos sobre qual seria o próximo passo contra o Presidente republicano. Aproximadamente um terço dos democratas na Câmara dos Representantes pediu um processo de destituição.
Mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, por exemplo, é uma das vozes contra essa medida, afirmando que uma campanha pela destituição seria “divisiva” e só iria ajudar a Trump a conseguir a reeleição.
Greg Brower, ex-diretor assistente do FBI declarou ao mesmo jornal que o testemunho de Mueller poderá ter um “grande impacto” numa eventual mudança política.
“Não creio que os americanos ou mesmo o Congresso entendam o que é que ali se classifica como prova. Faz parte dos deveres contínuos de Mueller explicar as suas descobertas da forma mais convincente possível que, no mínimo, tem a intenção de informar o Congresso, mas também pode mudar a opinião pública“.
“Assumir que ninguém quer saber, que o relatório não vai mudar nada, é abdicar da sua responsabilidade de instruir o público nos detalhes do seu relatório”, disse ainda.
Várias sondagens concluíram que o relatório de Mueller não mudou subtancialmente as perceções do público sobre a investigação, embora uma pequena maioria gostasse de ver algum tipo de ação contra o Presidente. Apenas 39% acreditam que nenhuma ação adicional deve ser tomada e as investigações devem terminar.