A França é o único país que continua a investigar o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines em Março de 2014. E emergem novos dados sobre o que apuraram os magistrados envolvidos no caso, designadamente quanto a uma carga misteriosa e a incoerências na lista de passageiros.
A justiça francesa continua a tentar perceber como é que o voo MH370 desapareceu a 8 de Março de 2014 quando sobrevoava o Oceano Índico, fazendo a ligação entre Kuala-Lumpur, na Malásia, e Pequim, na China, com 239 pessoas a bordo.
Este envolvimento de França no caso explica-se com o facto de seguirem a bordo três cidadãos franceses, designadamente os filhos e a mulher do engenheiro Ghyslain Wattrelos.
O homem que continua empenhado em saber o que motivou o trágico desaparecimento dos seus entes queridos revela ao jornal Le Parisien que foram detectadas incoerências quanto à lista de passageiros.
“Há muitas listas de passageiros contraditórias, por exemplo sobre a colocação dos passageiros”, salienta Wattrelos.
O engenheiro refere ainda que foi detectada “uma carga misteriosa de 89 kg” que terá sido adicionada à lista do voo antes da descolagem. E também havia um contentor “sobrecarregado, sem ninguém saber porquê”, diz Wattrelos, concluindo que pode ter sido “incompetência” ou “manipulação”.
“Tudo é possível”, conclui Wattrelos sobre “o maior mistério da aviação civil”, como aponta o Le Parisien.
Wattrelos foi, neste mês, recebido no Tribunal de Paris pelos magistrados que estão a investigar o desaparecimento.
Os juízes deslocaram-se, recentemente, aos EUA, às instalações da Boeing em Seattle. O que apuraram é confidencial, mas o Le Parisien refere que conseguiram ter acesso aos dados de satélite do avião.
A hipótese de suicídio do piloto continua em cima da mesa, depois de os magistrados terem confirmado que uma pessoa se manteve nos comandos do avião até ele desaparecer. Mas não se sabe se foi o piloto ou outra pessoa.
“Os juízes disseram-nos que nada permite dizer que o piloto esteja implicado“, destaca a advogada de Wattrelos, Marie Dosé, citada pelo Le Parisien.
Em Julho de 2018, a equipa de investigação internacional que analisou as circunstâncias do desaparecimento concluiu que não é possível avançar a verdadeira causa do incidente.