Os papas João XXIII (1881-1963) e João Paulo II (1920-2005) vão ser canonizados este domingo, no Vaticano, na presença de centenas de milhares de pessoas.
De acordo com o ministério do Interior italiano, “61 delegações de 54 países, 19 chefes de Estado, 24 chefes de governo, 23 ministros e 800 mil peregrinos são esperados em Roma” para a canonização de domingo.
Portugal estará representado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que será recebido pelo papa Francisco, em audiência privada.
A ‘Cidade Eterna’ está a viver um período de festas, que começou na Sexta-feira Santa (18 de abril) e termina com a festa de 01 de maio, passando pelo dia da Libertação (25 de abril de 1945) e a dupla canonização (27 de abril).
“Estamos prontos para receber cerca de três milhões de turistas na segunda metade do mês de abril”, afirmou recentemente o presidente da câmara de Roma, Ignazio Marino.
Os papas João XXIII e João Paulo II serão proclamados santos pelo papa Francisco no domingo, numa cerimónia que decorrerá no átrio da Basílica de São Pedro e será concelebrada por cerca de mil cardeais e bispos e mais de 700 sacerdotes.
A data de canonização de duas das mais influentes personalidades do mundo católico atual foi escolhida por Francisco durante o consistório de cardeais, que decorreu em setembro último, no Vaticano.
“Fazer a cerimónia de canonização dos dois juntos quer ser uma mensagem para a Igreja: estes dois são bons”, declarou Francisco, no regresso da visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em julho passado.
A santidade exige normalmente dois milagres confirmados, embora Francisco tenha aprovado a canonização de João XXIII – com quem partilha uma perspetiva reformista – baseado em apenas um.
O primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o ‘trono de Pedro’ de 1978 a 2005, terá ocorrido seis meses depois da morte, quando uma freira francesa afirmou ter sido curada da doença de Parkinson, através de orações dedicadas ao papa polaco.
Karol Wojtyla foi beatificado a 01 de maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatifcou João XXIII a 03 de setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos.
Em 2005, durante o funeral de João Paulo II, a multidão gritou várias vezes “Santo Subito!” (“Santo Já!”), levando o Vaticano a acelerar os procedimentos necessários à canonização, que são iniciados, normalmente, cinco anos após a morte.
João XXIII ficou para a história como o papa que realizou o Concílio Vaticano II (1962-1965), que reviu os rituais e doutrinas da Igreja e defendeu a aproximação a outras religiões.
Muitos comparam o papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade, simplicidade e sentido de humor.
Francisco terá dispensado o reconhecimento de um segundo milagre para a canonização de João XXIII, também aprovada pela Congregação para as Causas dos Santos.
Os participantes no Concílio Vaticano II, em 1965, já tinham pedido a canonização de João XXIII, que pretendiam homenagear por conduzir a Igreja para tempos modernos.
A 13 de maio de 1956, o cardeal Roncalli, patriarca de Veneza e futuro papa João XXIII, presidiu à peregrinação internacional aniversária no Santuário de Fátima.
O papa João Paulo II deslocou-se pela primeira vez a Fátima a 12 de maio de 1982, para agradecer ter escapado com vida, um ano antes, na praça de S. Pedro, em Roma, a um atentado.
O chefe de Estado do Vaticano regressou a Fátima mais duas vezes, em maio de 1991, exatamente dez anos depois do atentado, e em maio de 2000, para beatificar os videntes Francisco e Jacinta.
/Lusa
Milagres post-mortem?! Nã… Ser declarado “santo” na Igreja Católica corresponde a uma comenda conferida pelos bons serviços prestados à organização para a qual se trabalhou. Nada mais do que isso. Mais um resquício do império romano, em que um imperador morto era logo declarado deus… Já lá diz o ditado: “Não chamem Mestre a nenhum homem”….