Durante uma entrevista à BBC, Dalai Lama analisou vários temas, desde a presidência de Donald Trump até o Brexit. O líder espiritual tibetano, exilado desde 1959, após uma insurreição fracassada contra o domínio chinês, claramente não é fã das opiniões isolacionistas do Presidente norte-americano.
“Quando [Donald Trump] se tornou presidente, disse: ‘América primeiro’. Isso é errado”, referiu o Dalai Lama. “A América deve assumir a responsabilidade global”, noticiou o Raw Story na quinta-feira, citando o líder tibetano, que descreveu o Presidente norte-americano como alguém descuidado, cujas “emoções” são “um pouco complicadas demais”.
“Um dia ele diz alguma coisa, noutro dia ele diz alguma coisa”, notou Dalai Lama, acrescentando que Donald Trump sofre de uma “falta de princípios morais”.
O líder espiritual tibetano disse igualmente que a decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia (UE) foi um erro, identificando-se como um “admirador” do espírito da UE.
O jornalista da BBC responsável pela entrevista, Rajini Vaidyanathan, observou que alguns defensores do Brexit citaram Dalai Lama, ao afirmar que os migrantes “deveriam retornar e reconstruir seus países”. O líder espiritual esclareceu sua posição: “Os países europeus deviam acolher esses refugiados e dar-lhes educação e treino”, com o objetivo de lhes fornecer habilidades valiosas caso decidam “retornar à sua terra”.
Rajini Vaidyanathan perguntou-lhe se esses migrantes deviam poder permanecer na Europa, ao que Dalai Lama respondeu: “Um número limitado, OK. Mas toda a Europa, eventualmente, tornar-se num país muçulmano? Impossível. Ou um país africano, também impossível… Deve-se manter a Europa para os europeus”.
Segundo relatou o Week, esta não é a primeira vez que Donald Trump é criticado por Dalai Lama. Durante uma entrevista em 2016, o líder espiritual fez uma imitação física do então candidato presidencial.
Esta também não é a primeira ou a única figura global a apontar o dedo ao atual Presidente norte-americano. O ditador norte-coreano Kim Jong Un – que, de acordo com o Week, pode não ser o melhor juiz sobre sanidade, dado o seu próprio comportamento -, já opinou sobre o estado mental de Donald Trump em 2017, antes de os dois se encontrarem.
Como noticiou o Guardian, Kim Jong Un criticou-o por este permitir que “palavras excêntricas saíssem da sua boca”, antes de o apontar como “mentalmente perturbado”.
As declarações do líder da Coreia do Norte podem ter sido o resultado da recusa de Donald Trump em contratar um tradutor, mas, frisou o Week, não havia dúvidas quanto ao desprezo por trás dessas observações.
Em junho de 2017, foi divulgado um áudio do então primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, “aparentemente a gozar” com o Presidente norte-americano, durante um jantar anual, que normalmente é mantido fora de registo, indicou a BBC.
“O Donald e eu estamos a vencer e a vencer nas pesquisas. Estamos a vencer muito, estamos a vencer, estamos a vencer como nunca vencemos antes”, disse Malcolm Turnbull. A piada era que tinha acabado de cair dez pontos nas pesquisas de opinião. Este também referiu o suposto conluio de Donald Trump com a Rússia para ser eleito.
Embora o Papa Francisco se abstenha de reprimir ativamente o Presidente norte-americano, durante a campanha presidencial – na qual Donald Trump prometeu construir um muro ao longo da fronteira com o México – afirmou que “uma pessoa que pensa apenas em construir muros, onde quer que esteja, e não construir pontes, não é cristã”.
Numa nota mais pessoal, lê-se no Week, parece ter indicado que Donald Trump era gordo. Durante uma visita ao Vaticano, em 2017, o Papa perguntou a Melania Trump através de um tradutor: “O que você dá para ele comer? Potica?”. Potica é um bolo recheado com nozes da Eslovénia, a terra nativa de Melania Trump.
Já a rainha Isabel II, que geralmente não faz piadas às custas dos líderes mundiais, ao reclamar do barulho de um helicóptero durante as filmagens de uma entrevista com David Attenborough, no ano passado, disse: “Por que sempre dão voltas e voltas quando querem conversar? Soa como o presidente Trump…”. Depois de uma pequena pausa, acrescentou: “Ou presidente Obama”.
Trump deve ser, ou está perto de ser, a pessoa mais odiada do planeta. A História dirá dele que governou por impulsos de prepotente, egoísmo e ignorância da condição humana.