Desde 2010, o Serviço Nacional de Saúde perdeu seis mil assistentes operacionais e técnicos. A contratação de mais pessoal é a principal reivindicação dos trabalhadores da saúde na greve com início à meia-noite desta sexta-feira.
A queda de assistentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é bastante significativa, com quebras na ordem dos 12,2% e dos 13,5%. Comparativamente a 2010, os hospitais públicos têm hoje menos 2479 assistentes operacionais. A que nos assistentes técnicos é ainda maior, com menos 3521 trabalhadores.
Em sentido inverso, de acordo com o Jornal de Notícias, o número de médicos, enfermeiros e técnicos superiores e de diagnóstico aumentou.
“Temos necessidade de reforçar dois grupos profissionais muito concretos, os assistentes técnicos e os assistentes operacionais”, disse Marta Temido, na última Comissão de Saúde.
“São estes operacionais que lidam mais tempo com os doentes nos hospitais e a falta de pessoal é enorme”, realçou Orlando Gonçalves, dirigente da Federação Nacional da Função Pública.
A situação não está favorável e a greve dos trabalhadores da saúde, que tem início à meia-noite desta sexta-feira, conta com uma adesão entre 75 a 100%. Uma das reivindicações feitas é que se contrate mais mão-de-obra, uma vez que os atuais assistentes dos hospitais veem-se obrigados a trabalhar horas extra. Além disso exigem-se aumentos salariais e progressão nas carreiras.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares realça que a falta de recursos humanos, comparativamente a 2010, obriga médicos e enfermeiros a ficarem sobrecarregados e a perderem mais tempo com trabalho administrativo.
Ana Rita Cavaco, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, garante que seriam necessários 1700 enfermeiros para permitir o regresso às 35 horas semanais de trabalho. No entanto, “nem metade foram admitidos“, tendo apenas sido contratados 600.
A bastonária alerta ainda que os enfermeiros trabalham muito mais do que as 35 horas, chegando muitas vezes às 60 ou 70 horas semanais. “Não há enfermeiros suficientes para cumprir horários de 35 horas, como antes já não havia para horários de 40″, destacou.
Luís Dupont, presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutico, afirma que as contratações para as 35 horas “ficaram muito aquém das necessidades“. No entanto, explica que o problema não advém apenas da alteração do regime de trabalho, já que antes disso já estavam em falta entre 1500 a 2000 técnicos.