O candidato à liderança do Partido Conservador recusou-se a falar sobre a discussão que levou a polícia a ser chamada à casa da namorada e admitiu precisar da UE para evitar tarifas comerciais altas e problemas com a Irlanda.
Numa entrevista à BBC, Boris Johnson recusou novamente falar sobre o episódio em que a polícia foi chamada à casa da sua namorada depois de uma discussão entre os dois.
“Não falo sobre assuntos que envolvem a minha família, as pessoas que amo. E há uma razão muito boa para isso. É que, se o fizer, estou a arrastá-los para dentro de coisas que não são justas para eles”, justificou o candidato à liderança do Partido Conservador.
As autoridades apareceram na residência de Carrie Symonds, de 31 anos, na madrugada de sexta-feira, depois de os vizinhos terem ouvido uma intensa discussão, com gritos e sons de pratos a partir. O incidente está a afetar a campanha do ex-ministro, que viu a sua vantagem de 27 pontos percentuais descer nas sondagens para apenas 11 pontos.
Entretanto, segundo o Observador, uma fotografia do casal a trocar sorrisos numa mesa de jardim chegou às redes sociais, levantando ainda mais suspeitas, com os britânicos a teorizar que foi lançada pela equipa de campanha do candidato apenas para branquear a sua imagem. Porém, o ex-mayor de Londres já negou que a fotografia tenha sido encenada e publicada pelos colegas de campanha.
Johnson também decidiu não responder a Jeremy Hunt, o seu opositor nas eleições, que o acusou de “cobardia” depois de ter cancelado um convite da Sky News para um frente-a-frente esta terça-feira.
Na entrevista com Laura Kuenssberg, editora de política da emissora britânica, o candidato à liderança dos ‘tories’ considerou que o acordo do Brexit já negociado pela ainda primeira-ministra britânica, Theresa May, “está morto” e que é possível chegar a um novo acordo com a União Europeia (UE) antes do final de outubro, uma vez que o cenário político mudou não só no Reino Unido mas também no continente europeu.
“Penso que a política mudou muito desde 29 de março. Penso que nos dois lados do Canal há uma perceção realmente diferente do que é necessário”, declarou.
Apesar de se mostrar disposto a sair da UE sem acordo, o também ex-ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que “não acredita por um momento” que isso vá acontecer.
Boris Johnson reconheceu ainda que, se ganhar as eleições, vai precisar da UE para evitar tarifas comerciais muito mais altas do que as atuais e a reposição da fronteira irlandesa. Mas “não depende só de nós”, afirmou.
Boris Johnson e Jeremy Hunt foram os escolhidos para disputar a eleição interna no partido Conservador. Os dois finalistas vão agora ser submetidos a uma votação dos cerca de 160 mil militantes do partido e o vencedor será anunciado no final de julho.
Theresa May mantém-se em funções, devendo apresentar a demissão logo que o sucessor esteja definido, abrindo caminho para a sua nomeação como primeiro-ministro.