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Três russos e um ucraniano acusados de terem derrubado o voo MH17

romanboed / Flickr

Memorial às vítimas do voo MH17, no Amsterdam Schiphol Airport

Quatro suspeitos vão ser julgados por homicídio, acusados de terem provocado a queda do avião do voo MH17 da Malasyia Airlines, ao terem disparado um míssil russo, a partir da zona separatista da Ucrânia.

De acordo com as autoridades holandesas, o julgamento deverá iniciar-se na Holanda a 9 de março de 2020, e terá quatro pessoas no banco dos réus, três russos e um ucraniano.

Os réus serão julgados pela autoria do ataque com um míssil que, em 17 de julho de 2014, matou os 283 passageiros (196 deles de naturalidade holandesa) e 15 tripulantes do voo MH17 da Malasyia Airlines, na zona de conflito armado no leste da Ucrânia, a zona separatista da antiga República soviética, quando viajava entre Amesterdão e Kuala Lumpur.

Segundo a comissão internacional de investigação, liderada pela Holanda, o Boeing da Malasyia Airlies foi abatido por um míssil proveniente da 53ª brigada antiaérea russa, baseada em Kursk (na Rússia).

Numa conferência de imprensa na cidade holandesa de Nieuwegein, os responsáveis holandeses pela comissão internacional de investigação anunciaram que os mandados de captura internacionais serão emitidos para os russos Sergey Dubinsky, Oleg Pulatov e Igor Girkin, e para o ucraniano Leonid Chartsjenko.

Entretanto, Girkin já negou o envolvimento do movimento separatista na tragédia. “O que posso garantir é que o Boeing não foi abatido pelos rebeldes“, disse o acusado, que era um dos líderes do movimento separatista, apoiado por Moscovo, no momento do acidente.

Os responsáveis da comissão internacional de investigação disseram ainda que é provável que os réus sejam julgados à revelia, já que a Constituição da Rússia e da Ucrânia não permite a extradição de cidadãos.

Rússia lamenta “acusações gratuitas”. NATO saúda decisão

A Rússia sempre negou qualquer envolvimento e culpa Kiev pela queda do avião, afirmando que o míssil encontrado nos escombros do acidente pertence aos arsenais do Exército ucraniano.

“As declarações feitas (pela comissão) sobre o suposto envolvimento de militares russos na queda do Boeing MH17 da Malaysia Airlines são lamentáveis“, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

“Mais uma vez, acusações completamente infundadas são feitas contra a Rússia, procurando desacreditar a Rússia aos olhos da comunidade internacional”, disse ainda.

Por sua vez, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, saudou o anúncio da comissão, salientando que este é “um marco importante nos esforços para ser revelada toda a verdade e assegurar que é feita justiça à morte de 298 pessoas de 17 países”.

O grupo de investigação jornalística Bellingcat anunciou que também hoje revelará nomes de pessoas ligadas ao ataque. Os jornalistas deste grupo dizem ter “um elevado grau de certeza” de que um homem conhecido como “Delfin”, o general russo Nikolai Fyodorovich Tkachev, será um dos principais responsáveis pelo ataque.

A tragédia continua a ser um assunto altamente sensível na Holanda, onde o primeiro-ministro, Mark Rutte, colocou como prioridade encontrar os culpados e levá-los perante a justiça. Em 2018, os eurodeputados holandeses ratificaram um acordo assinado com a Ucrânia para iniciar um processo judicial contra as pessoas responsáveis pelo desastre.

A queda do voo MH17 deteriorou ainda mais as relações entre a Rússia e os países ocidentais, que já estavam muito afetadas depois da anexação da península ucraniana da Crimeia por Moscovo, em 2014.

Depois das revelações dos investigadores sobre a origem russa do míssil, a União Europeia e a NATO pediram a Moscovo para reconhecer a sua responsabilidade no ataque. Em julho, líderes do G7 também instaram os russos a “reconhecer o seu papel” no caso, dizendo que a investigação apresentou a conclusões “convincentes” e “profundamente preocupantes” sobre o seu envolvimento.

ZAP // Lusa

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