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Encerrada universidade peruana com fachada falsa. Sete andares eram só quatro

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Da rua, a nova universidade Telesup, em Lima, parecia uma torre envidraçada de sete andares. Mas, dentro do edifício, os estudantes foram surpreendidos com escadas que apenas iam até ao quarto andar.

Fotografias tiradas por um drone e publicadas esta semana revelaram que os três andares de cima eram apenas uma parede de betão apoiada em vigas. O episódio lançou uma luz desagradável sobre a crescente indústria de universidades privadas do Peru, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

Os inspetores de educação divulgaram as imagens ao anunciar que a universidade não conseguiu obter acreditação por não atender aos requisitos académicos básicos. “É um símbolo da fachada que é o sistema universitário peruano”, disse Ricardo Cuenca, diretor do Instituto de Estudos do Peru. “Estava a apresentar uma imagem sem nada por trás disso”.

Máximo Estupiñan, porta-voz da universidade, negou que fosse uma “falsa fachada” e descreveu-a como uma “cortina, categoria arquitetónica e conceito implementado por razões puramente estéticas”. Estupiñan disse que os falsos três andares eram uma construção temporária enquanto o trabalho no prédio continuava.

Sunedu, órgão estatal que regula os padrões de ensino superior, bloqueou as novas matrículas de estudantes e deu à Telesup dois anos para encerrar de vez. Enquanto isso, a maioria dos 20 mil estudantes da Telesup completará os seus estudos em instituições educacionais licenciadas, de acordo com o chefe da Sunedu, Martin Benavides. “Avaliamos as condições essenciais para um serviço universitário. A infraestrutura é uma delas e faz parte da realidade desta universidade ”, disse.

Nas últimas décadas, o setor de educação terciária do Peru cresceu dramaticamente e o país tem atualmente mais de 140 universidades – mais de quatro vezes mais do que nos anos 80. A maioria são instituições privadas que não oferecem cursos que seriam reconhecidos fora do país.

Durante a década de 1980, as universidades públicas eram frequentemente usadas como locais de recrutamento pelo Sendero Luminoso, um violento grupo guerrilheiro maoista. No final da década de 1990, o então ex-presidente Alberto Fujimori promulgou uma lei que promovia universidades privadas com fins lucrativos com desregulamentação e isenções fiscais. O boom subsequente significou que o que era oferecido aos estudantes era “desordenado, de má qualidade e muito fragmentado”, disse Cuenca.

“A baixa educação superior significa profissionais de baixa qualidade”, disse. “É um sinal terrível que um país possa crescer economicamente, mas falhe educacionalmente”.

ZAP //

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6 Comments

  1. Pois, triste é pensar que a qualidade do ensino se mede pelo numero de andares de um edifício.
    Triste é pensar que os leitores “engolem” esta notícia (e mais triste será se realmente algum leitor “engolir” esta notícia), pois vê-se perfeitamente, sem recurso a qualquer drone, que a fachada é apenas isso mesmo, uma fachada. Vê-se isso muito bem de frente para o edifício (atrás das janelas, que estão abertas, só se vê o céu) e ainda melhor de quem olha para a lateral esquerda do edifício, pois falta a parede lateral…
    Vivam as pseudo notícias light…

  2. Cá também é mais ou menos assim…
    Só não há fachadas de betão… São mais professores de fachada, alunos de fachada, cursos de fachada…

    • E lá tinha de vir o panhonhas comentar. Se é uma não notícia então pergunto:
      1 – O que vieste aqui fazer?
      2 – Por que razão te foste dar ao trabalho de escrever que é uma não notícia?

      Arrisco-me a dizer que fazes jus ao nick

  3. É patente e óbvio a quem observa da rua – se ser preciso um drone – que é só mesmo uma fachada, como já alguém aqui referiu.
    Se os alunos/clientes da universidade se deixam levar pela fachada, isso di diz muito dessas mesmas pessoas e do porquê da existência destas fachadas – aposto que não será a única.
    É sempre perigoso generalizar, mas ninguém investe am algo se sabe à partida que não produzirà resultados; portanto, se o fizeram, é porque tinham, pelo menos, boas perspectivas de lucrar – e isso dá uma indicação geral, que não é muito abonatória, do “teor” da população…

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