Quem olhar com detalhe para o mapa dos EUA pode encontrar algo estranho na fronteira entre o Minnesota e o Canadá: a linha que corta o território desde a costa oeste é abruptamente interrompida e deriva para norte.
O Northwest Angle (ou Ângulo Noroeste) apanhando boa parte do Lagos dos Bosques e uma pequena superfície de terra. São apenas 319 quilómetros quadrados de terra firme rodeados pelas províncias canadianas de Manitoba e Ontario, habitados por 120 pessoas, mas com grande significado, já que esta é a única parte dos EUA – à exceção do Alasca – a norte do paralelo 49.
Mas este é um erro histórico, no entendimento dos signatários de uma petição criada no site da Casa Branca e que pede que “a América seja grande corrigindo esse erro”.
Na base da argumentação dos peticionários está o facto de britânicos e norte-americanos terem usado o mapa de Mitchell, publicado em 1755 pelo médico e botânico John Mitchell, para estabelecer as fronteiras naquela zona a seguir à Guerra da Independência.
Neste mapa, onde o Lago dos Bosques surgiria em forma oval e não refletindo com precisão os vários acidentes geográficos do local, como baías. O Tratado de Paris estabeleceu que a fronteira entre EUA e as possessões britânicas no norte seria feita através da bacia do Lago dos Bosques ao ponto mais a noroeste.
“Os negociadores da fronteira inicial entre o Canadá e os EUA não compreenderam a geografia da área. Benjamim Franklin e os representantes britânicos confiaram no Mapa de Michell. Devido a erros de pesquisa, este é o único local dos EUA, à exceção do Alasca, que fica a norte do paralelo 49”, apontam os peticionários, que pedem a entrega de uma área de 1544 quilómetros quadrados – a esmagadora maioria numa zona aquática – ao Canadá.
Porém, a petição tinha de conseguir cem mil assinaturas até ao final desta terça-feira para ter uma resposta da Casa Branca, mas não chegou sequer às seis mil.
Nem os habitantes locais, economicamente ligados aos setores do turismo e da pesca desportiva, parecem estar muito interessados em mudar agora de nacionalidade. “Não tenho nada contra os canadianos, mas sou uma cidadã americana e quero continuar a ser”, conta Judy Risser, habitante na localidade há 46 anos, de acordo com o Diário de Notícias.
Nem o facto de terem de informar as autoridades dos dois países sempre que se querem deslocar aos EUA e de as crianças terem de fazer quase cem quilómetros para ir à escola no Minnesota parece demover os habitantes.
“Se eu quisesse mudar de nacionalidade, mudava-me para o Canadá. Não percebo como podia funcionar isso que estão a sugerir. Na verdade, nem sequer levamos isso muito a sério”, afirmou outra habitante local.
Em 1997, devido a leis que limitam a pesca, alguns residentes desta região sugeriram abandonar os EUA e unir-se ao Canadá. No ano seguinte, o representante Collin Peterson propôs uma emenda constitucional que permitiria aos residentes votar sobre a secessão dos EUApara se anexar ao Canadá. Esta proposta irritou os dirigentes da reserva índia Red Lake, já que a grande maioria do território dessa reserva fica no “ângulo”.