No início da semana, a empresa Air Charter Service (ACS) estimou a ocorrência de 1.500 movimentos de jatos privados em quatro aeroportos durante o Fórum Económico Mundial.
Os organizadores do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, iniciativa que dá especial atenção ao debate das questões ambientais, contestaram esta quinta-feira os dados divulgados sobre o tráfego recorde de jatos privados durante a corrente edição do evento.
No início da semana, a empresa Air Charter Service (ACS) estimou a ocorrência de 1.500 movimentos de jatos privados em quatro aeroportos durante o fórum internacional, que reúne em Davos a elite da política e da economia mundiais e que tem como tema recorrente a luta contra as alterações climáticas.
Este número, apresentado como um recorde, suscitou a indignação de movimentos de ativistas. “Do ponto de vista ecológico, fretar um jato privado para chegar a Davos é a pior opção”, disse a entidade privada que organiza o Fórum Económico Mundial, num blogue citado pelas agências internacionais.
A organização contestou, no entanto, os dados fornecidos pela ACS, argumentando que um dos aeroportos monitorizados não está ligado oficialmente ao fórum e que um outro é um aeroporto militar, cujo tráfego é mantido em segredo por razões de segurança.
O fórum fez os seus cálculos, utilizando “números reais” de dois aeroportos ligados ao evento (Zurique e St. Gallen) e somou os voos registados durante três dias. A contagem da ACS abrange seis dias.
Feitas as contas, os organizadores do Fórum Económico Mundial anunciaram um número bastante inferior em comparação com os dados apresentados pela ACS: 250 jatos particulares, 14% menos do que em 2018.
Os organizadores também contestaram “a metodologia muito pouco clara” utilizada pela ACS, afirmando que a divulgação destes números se tratou de “uma operação de relações públicas de uma empresa comercial”.
A ACS reagiu às declarações dos organizadores do Fórum Económico Mundial, explicando em comunicado que a sua estimativa tinha tido em conta os quatro aeroportos que poderiam ser usados durante o evento e não apenas os dois oficialmente ligados à organização.
“Os nossos números têm como base factos, mas não se trata de forma alguma um ataque ao Fórum Económico Mundial, que funciona para o bem”, disse, em declarações à France Presse (AFP), um porta-voz da ACS, cuja maioria dos seus clientes participam em debates e reuniões de negócios em Davos.
Os organizadores do fórum afirmaram, entretanto, que pretendem compensar o máximo possível as emissões de dióxido de carbono dos jatos privados.
ZAP // Lusa