As transferências foram efetuadas entre junho e julho de 2017 sempre na agência bancária da assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Em cinco dias, Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos que totalizam cerca de 22 mil euros e todos ocorreram em poucos minutos.
Flávio Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil e eleito para o Senado, foi um dos vários deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a quem o Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (Coaf) detetou movimentações bancárias suspeitas.
Segundo o Jornal Nacional da Rede Globo, em cinco dias de junho e julho de 2017, foram feitos em poucos minutos depósitos no Multibanco da mesma agência bancária, e sempre do mesmo valor, 2000 reais (480 euros).
No dia 9 de junho de 2017, foram feitos dez depósitos no intervalo de cinco minutos. A 15 de junho, avança a Globo, outros cinco depósitos, igualmente no caixa automática da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A 28 de junho, dez depósitos, em apenas três minutos. A 13 de julho, oito depósitos, em quatro minutos. A 13 de julho, 15 depósitos, em seis minutos. Sempre de dois mil reais. O total chega a 96 mil reais, cerca de 22 mil euros.
A Coaf relata ainda que não é possível saber quem fez os depósitos na conta do filho de Jair Bolsonaro, mas o facto de terem sido feitos de forma fracionada levanta a suspeita de que possa existir uma tentativa de lavagem de dinheiro.
De acordo com o Público, Fabrício Queiroz, antigo assessor de Bolsonaro, está também envolvido nas suspeitas. Na conta de Queiroz terão passado, num só ano, 1,2 milhões de reais (281 mil euros). Queiroz foi convocado para prestar declarações à Justiça, numa investigação que está a ser conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, mas tem-se conseguido esquivar.
Esta sexta-feira, Flávio Bolsonaro conseguiu que a investigação fosse suspensa, numa decisão provisória tomada pelo juiz Luís Fux: o senador eleito pede anulação das provas, alegando ter foro privilegiado.
Movimentações são de compra e venda de apartamento
O senador e filho do Presidente do Brasil disse este domingo que as movimentações suspeitas no valor de cerca de 280 mil euros nas suas contas bancárias dizem respeito a uma compra e venda de um apartamento.
“Esse dinheiro é o meu dinheiro, foi depositado na minha conta. Tem que ser de dois em dois mil reais porque o limite para cada depósito na caixa são dois mil reais“, justificou o Flávio Bolsonaro, deputado regional do Rio de Janeiro e senador, durante uma entrevista no domingo à Record.
O facto de os depósitos terem sido feitos de forma fracionada despertou a suspeita de uma possível ocultação da origem do dinheiro, de acordo com a investigação do Conselho de Controlo das Atividades Financeiras divulgada pela TV Globo, que diz também que os depósitos foram feitos pelo antigo assessor de Bolsonaro, Fabrício Queiroz.
“Isso foi feito desta forma, não há mistério. Está tudo indicado, justificado no papel. Declarado ao Tesouro, por escrito. Se fizesse algo ilegal, você acha que iria colocá-lo na minha conta?”, sublinhou.
ZAP // Lusa