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Senador italiano chamou “orangotango” a antiga ministra e foi condenado a pena suspensa

A justiça italiana condenou esta segunda-feira o senador da extrema direita Roberto Calderoli a 18 meses de prisão, com pena suspensa, por comparar, em 2013, a ministra da Integração, Cécile Kyenge, com um “orangotango”.

O tribunal de Bérgamo emitiu esta segunda-feira a sentença, apesar de Roberto Calderoli não passar pela prisão, uma vez que a pena de 18 meses foi suspensa na sua execução.

O político italiano da Liga do Norte fez esta comparação de Cécile Kyenge, a única do governo de Enrico Letta que era negra, em julho de 2013, durante um ato do seu partido em Treviglio.

“Eu conforto-me quando navego na Internet e vejo fotografias do Governo. Amo os animais, os ursos e os lobos, mas quando vejo imagens de Kyenge não posso deixar de pensar nas feições de um orangotango“, disse Calderoli, que foi ministro no último governo de Sílvio Berlusconi.

As suas palavras causaram grande polémica entre a classe política e Roberto Calderoli teve de pedir desculpa no Parlamento e reconhecer que cometeu uma “idiotice”.

Cécile Kyenge, originária da República Democrática do Congo, saudou a decisão do tribunal e referiu que, apesar de a pena estar suspensa, “é uma condenação importante para todos os que lutam contra o racismo”.

UK in Italy / Flickr

Cècile Kyenge

Foi um dos ataques racistas de maior destaque contra Kyenge durante o seu tempo no governo de Enrico Letta recorda o The Guardian. A ministra foi atacada com bananas durante eventos políticos e repetidamente enfrentou insultos de políticos, a maioria dos quais da Liga, mas também de Irmãos da Itália, num partido menor de extrema-direita.

Em 2017, Mario Borghezio, eurodeputado da Liga, foi condenado a pagar 50 mil euros por descrever a administração de Letta como o “governo do bongo-bongo” após a nomeação de Kyenge. Atualmente, a ministra está incluída em processos legais contra nove outros políticos.

Matteo Salvini, o líder da Liga e ministro do Interior da Itália, está a processar Kyenge por difamação depois de ter chamado o partido de racista. Uma segunda audiência está marcada para 29 de março.

ZAP // Lusa

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