Portugal tem 71 zonas com elevado risco de inundação, de acordo com um relatório da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que analisou fenómenos extremos ocorridos, fazendo previsões para o futuro.
O relatório “Avaliação Preliminar do Risco de Inundações em Portugal Continental” debruça-se sobre fenómenos climatéricos extremos, ocorridos desde Dezembro de 2011, analisando o potencial risco de acontecerem novamente no futuro.
O documento conclui que Alcobaça, Braga, Chaves, Esposende, Figueira da Foz, Lourinhã, Torres Vedras e Vila Real de Santo António são as oito cidades mais vulneráveis, revelando, pelo menos, dois locais com condições críticas para a ocorrência de inundações.
A avaliação da APA avisa também que há “um risco potencial de perda de território em 67% da orla costeira”, com destaque para Aveiro, Faro, Lisboa, Porto e Setúbal como as zonas mais mais vulneráveis e com maior risco de serem afectadas pela subida do nível do mar.
A APA atesta que as alterações climáticas têm grande influência no aumento do risco de inundações, frisando que, nos próximos tempos, se pode esperar a “diminuição da precipitação média anual” e a “concentração da precipitação em períodos mais curtos”.
A realidade será, assim, marcada por uma maior regularidade de fenómenos mais extremos.
O relatório da APA também alerta para as “insuficiências nos sistemas de drenagem urbana para fazer face a estes eventos”, o que aumenta os riscos de inundações.
O documento deve, assim, servir de base para que as Câmaras Municipais e a Protecção Civil tratem de precaver o futuro, delineando planos de gestão de risco para fazer face a futuros eventos incertos e perigosos.
Não existem “fenómenos climatéricos extremos”, mas sim fenómenos meteorológicos extremos. Clima e meteorologia, embora relacionados, são coisas diferentes. Meteorologia refere-se às características da atmosfera, num dado local e num determinado intervalo (curto) de tempo, aquilo que designamos pelo estado do tempo atmosférico, o tempo (weather em inglês). Clima corresponde à sucessão de estados de tempo que habitualmente se fazem sentir numa região e ao longo de uma longa série de anos (habitualmente trinta anos; a normal climatológica). É por isto que uma tempestade, como por exemplo um furacão, é um evento meteorológico e não climático. Depois, quando nos referirmos ao clima, é preferível utilizar a expressão “climático”, que provém do grego, do que “climatérico” que é um galicismo porque provém do francês.