O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu no domingo, em Paris, que existe uma “engrenagem” geopolítica semelhante à que levou ao eclodir da 1ª Guerra Mundial e aos movimentos políticos totalitários nos anos 1930.
“Muitos elementos de hoje parecem assimilados do início do século XX e dos anos 1930, aumentando os receios de uma engrenagem invisível”, disse o português, citado pelo DN, na abertura do Fórum sobre a Paz, organizado no âmbito das comemorações do centenário armistício da Grande Guerra.
No mesmo evento, a chanceler alemã Angela Merkel disse que o “projeto de paz europeu”, nascido após 1945, está ameaçado pela ascensão do nacionalismo e do populismo. “Podemos ver que a cooperação internacional, um equilíbrio pacífico entre interesses e até mesmo o projeto europeu de paz estão novamente em questão”, disse Merkel.
O presidente francês alinhou pela mesma abordagem, referindo-se ao mesmo período do século passado. “Os nossos antecessores tentaram construir uma paz duradoura. que fracassou devido ao unilateralismo, às crises económicas, morais e nacionalistas”, afirmou Emmanuel Macron.
Cerca de 70 chefes de Estado e de governo participaram na cerimónia solene junto ao túmulo do Soldado Desconhecido, símbolo do sacrifício dos milhões que morreram de 1914 a 1818.
O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou separadamente. O último a chegar foi o presidente russo, Vladimir Putin. A chanceler alemã, Angela Merkel, posicionou-se entre Trump e Macron.
Marcelo Rebelo de Sousa também participou nas cerimónias em Paris do centenário do fim da I Guerra Mundial. O presidente da República portuguesa participou numa aula aberta com alunos da universidade de Ciência Política de Paris, juntamente com os chefes de Estado da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Nigéria, Muhammadu Buhari.
Após a cerimónia, os chefes de Estado tiveram um almoço oficial no Palácio do Eliseu, e, à tarde, participaram no Fórum de Paris sobre a Paz, que reuniu 60 chefes de Estado e 30 organizações internacionais para discutir segurança global.
Do outro lado do globo, a Austrália e a Nova Zelândia realizaram cerimónias para relembrar como a guerra matou e feriu soldados e civis em números sem precedentes. Esses países perderam dezenas de milhares de soldados distantes na Europa e na brutal batalha de Gallipoli, em 1915, na Turquia.