As listas do material de guerra roubado em Tancos e recuperado pela PJ Militar, enviadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Parlamento, são conta de granadas e explosivos que ainda não foram devolvidos.
Além das munições para pistolas, foram roubados dos paióis de Tancos trinta cargas de explosivos, três granadas ofensivas, duas granadas de gás lacrimogéneo e um disparador e descompressão. Nenhum destes materiais foram devolvidos.
Segundo o Diário de Notícias, a falta está registada nas listas do material de guerra furtado e que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) enviadas pela Procuradoria-Geral de República (PGR) à Comissão de Defesa Nacional do Parlamento.
No entanto, a informação que consta nestas listas difere da versão apresentada pelo Exército, segundo o qual apenas 1450 munições de 9mm, para pistolas Glock, não tinham sido recuperadas. Esta discrepância de material já tinha sido alvo de alerta pelo Ministério Público (MP), devido ao risco que o paradeiro desconhecido deste material de guerra representa para a segurança pública.
“As listas enviadas ao parlamento são as mesmas que a PJM cedeu ao MP e há discrepâncias”, garantem fontes envolvidas na investigação criminal, ouvidas pelo DN.
Além disso, as listas dão também informação diferente da que foi declarada pelos responsáveis da Segurança Interna, Serviços de Informações e do Exército, quando foram chamados ao Parlamento. Na altura, garantiram não ter conhecimento de mais material ainda por recuperar. Uma audição em que, segundo o DN, o ex-chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, deu informação errada ao parlamento sobre os autos de apreensão do material.
Por iniciativa do CDS, a Comissão de Defesa requereu à PGR que enviasse as duas listas (material roubado e material recuperado) de modo a fazer o cruzamento entre elas. Os centristas ainda não tiveram acesso a esta slistas porque o presidente da Comissão pediu uma “clarificação” à PGR sobre como devem ser manuseados estes documentos, uma vez que se encontram em segredo de justiça.
Segundo as fontes ouvidas pelo semanário, quando acederem às listas, os deputados vão confirmar a discrepância que o MP já tinha assinalado: 30 cargas de corte explosivas, três granadas ofensivas, duas granadas de gás lacrimogéneo e um disparador de descompressão foram roubados dos paióis e não foram devolvidos.
Segundo a lista publicada pelo Ministério da Defesa no relatório “Tancos – Factos e Documentos” , em 28 de junho do ano passado, tinham sido roubadas dos paióis 22 bobines de arame de tropeçar, 1.450 munições de 9 mm, 15 disparadores, 18 granadas de mão de gás lacrimogéneo, 30 granadas de mão de instrução, 120 granadas de mão ofensivas, 44 LAW (arma anti carro), 102 cargas de corte explosivas, 264 velas de explosivo plástico PE-4A, 30,5 lâminas explosivas e 60 iniciadores.
No entanto, há na equipa de investigação quem não descarte a possibilidade de o inventário inicial ter sido mal feito ou mesmo do registo dos paióis não estar rigoroso.
Esta sexta-feira, o Parlamento vota a proposta do CDS para constituir uma comissão de inquérito ao furto de armamento em Tancos, que tem a aprovação garantida com os votos da bancada democrata-cristã, do PS e do PSD e a abstenção do PCP. BE e PEV já disseram que não vão inviabilizar o inquérito.