/

PGR: “Houve gato escondido com rabo de fora”

27

PSD / Flickr

Luis Marques Mendes

Luís Marques Mendes lançou neste domingo duras críticas ao Governo, acusando o Executivo de não revelar os verdadeiros motivos que levaram à não recondução da atual procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal.

“Neste processo, houve gato escondido com rabo de fora”, atirou o comentador político no seu habitual espaço de comentário na SIC.

Para o antigo líder do PSD, houve razões políticas por detrás da decisão. Acho que há, da parte do Governo, um enorme embaraço e um enorme incómodo com algumas investigações do Ministério Público, nomeadamente com duas: a Operação Marquês e o caso de Angola”, considerou.

Por tudo isto, referiu Marques Mendes, “Joana Marques Vidal paga, sobretudo, o preço destas duas investigações”, apesar de o comentador frisar que não quer colocar em causa a forma como Lucília Gago – que começa as funções a 12 de outubro – vai conduzir o cargo de procuradora-geral da República.

“Não quero com isto dizer que a intenção é que a nova procuradora controle as investigações. Nem acho que a própria se sujeitava a isso, nem o Ministério Público e os procuradores permitiriam. Não é nada disso. É mesmo penalizar Joana Marques Vidal, é aquela forma atualizada e agora sofisticada de ‘quem se mete com o PS leva’”, disse.

“António Costa sempre quis fazer isto”, considerou. Marques Mendes não se poupou a críticas ao primeiro-ministro, considerando-o o “ganhador” deste processo. “[António Costa] sempre quis fazer isto. E partilha um bocado esta vitória com José Sócrates“.

Marques Mendes disse ainda que se a vontade do Governo passava por não reconduzir Marques Vidal, essa decisão já devia ter sido anunciada “há mais tempo” e com “total transparência”, defendeu.

“Se dissessem mais cedo tinha-se evitado tanta discussão, tanta suspeita, tanta especulação, tanta partidarização, a deselegância em relação à atual procuradora, alguma pressão forte sobre a nova procuradora”.

E, se a intenção do Governo passa por definir um mandato único da PGR, devia colocar-se essa limitação na lei, defendeu Marques Mendes.

“Fantochada, meias-verdades e contradições”

Muito crítico a forma como todo o processo de nomeação foi conduzido, o comentador apontou ainda o dedo à ministra da Justiça.

Para Marques Mendes, Francisca Van Dunem promoveu uma “fantochada – a de ter recebido os partidos para emitirem uma opinião sobre esta matéria quando já estava tudo decidido”. O comentador político considerou que esta foi uma farsa “de baixa qualidade” que podia “ter sido evitada”.

Justificando o que considera ser “gato escondido com o rabo de fora”, o antigo líder social-democrata frisou que este “processo teve uma fantochada, algumas meias-verdades e algumas contradições”.

Para justificar as “meias-verdades”, Marques Mendes recuou até 1997, abordando o “espírito do legislador” – um acordo assinado entre PS e PSD, no qual ficou definido que o mandato da PGR é de seis anos sem limite de renovação.

É uma conversa da treta, não é verdade. O espírito do legislador foi permitir um mandato e a possibilidade de ser renovado”, criticou.

E ainda sobre o processo da não recondução de Marques Vidal, o rol de críticas chegou a Marcelo de Sousa recebeu críticas. Marques Mendes negou que Marcelo Rebelo de Sousa tenha sido sempre favorável à ideia de mandato único do PGR. Por isso, defendeu, o Presidente sempre defendeu um “mandato limitado e não um mandato único”.

Marques Mendes foi perentório, denunciando várias contradições em todo o processo, deitando por terra a ideia de que “um mando único garante a independência”. “Então porque é que defendem um mandato só para o PGR e depois o presidente Tribunal de Contas faz dois e três mandatos?”, indagou.

Esta não é a primeira vez que Marques Mendes aborda o tema da PGR no seu tempo de comentário na SIC. No fim de agosto, o comentador político já defendia uma recondução de Marques Vidal, considerando que a sua substituição seria “uma decisão estranha e suspeita” e que “cheira a esturro”.

ZAP //

27 Comments

  1. POLITICOS da M—- Espero bem que os casos que estão em aberto prossigam o seu correto caminho. Já andam há tantos anos a serem empatados!! Aqui á coisa e não é coisa boa, infelizmente p/ os contribuintes portugueses, estamos FARTOS de sermos JUGUETES nas mãos dos politicos.
    Começo a achar que não somos democracia coisa nenhuma, mas sim um fascismo disfarçado de democracia…

    • Eu também espero que os casos em aberto prossigam.
      No entanto espero que se abram outros novos que essa senhora não tinha vontade de abrir por investigarem os amigos dela.

      A justiça deve ser cega. Não pode desviar o olhar quando vê laranja.

    • Não há gato escondido algum.
      O gato está à vista de todos e chama-se
      JOSÉ SÓCRATES !!

      Apostado que vão ser criadas todas as condições para inocentar o Sócras, afastar Carlos Alexandre, ou deixar prescrever o processo.

    • Conhece a nova Procuradora para fazer essas afirmações?
      E que se saiba quem está com o Processo Marquês não é a Procuradora, mas sim o Juís Carlos Alexandre, que tb teve amigos que lhe emprestaram dinheiro, apesar de ele ter dito na televisão que não tinha amigos desses e depois quando foi descoberto que estava a mentir ninguém lhe pôs nenhum processo.

      • Engraçado este comentário, pois já se esqueceu do processo que apareceu cortado à tesoura.
        Quem estava com o processo, quem era o Juiz e o que interessou isso?
        Profundo desconhecimento da matéria de que fala.
        Mas é livre de manifestar a sua opinião a qual respeito, é a sua opinião.

      • Socialistas, os maiores gatunos deste país sugado até ao tutano. Esse Sócrates tem que ir para a grelha, custe o que custar.

  2. Que se saiba o governo propõe o nome ao PR e este pode não aceitar. Se aceitou foi porque esteve de acordo com a proposta. Aliás o PR sempre disse que era contra a renovação 12 anos à frente dum organismo daqueles, parece que de facto não se justifica.

  3. Ainda não percebi este azedume da direita…. A Srª Procuradora Marques Vidal não é a única pessoa qualificada ou séria neste país para a função. Mal estaria o país se somente tivesse uma pessoa que se mantivesse doze anos numa função destas.
    Começa a parecer-me é que haverá outros motivos por detrás deste empenho… Espero bem que não.

    • Não é a única pessoa qualificada, mas foi a única a tentar fazer justiça com um numero significativo de criminosos, que antes estavam imunes e que acredito, vão continuar com a nova procuradora.

      • Parece-me a mim que por aquilo que se tem visto essa do ser a única pessoa, não tocou a todos e casos há que parece terem ficado no limbo (curiosamente todos ligados à quem agora faz tanto barulho). Bem diz o doc Peter.

      • Não tocou a todos?
        Futebol, banqueiros,deputados, ministros,etc…
        Têm razão e partilho da sua opinião quando refere não tocou a todos. Possivelmente refere-se a Paulo Portas, foi uma vergonha da justiça, mas creio que o processo não começou com esta Sr.ª.
        De qualquer maneira quando ouve condenações na Alemanha não restavam duvidas sobre os factos e a justiça não funcionou.

      • Para o corrupto Pinto Monteiro (PGR), tudo o que lhe aparecia relativo a Sócrates, tinha um destino certo, o arquivo.

  4. Foge-nos o pé para a dança! Caímos frequentemente no messianismo e na crença fácil em pessoas ou soluções salvíficas. O que é uma tolice.
    A PGR terá feito um bom trabalho. Está bem, mas não o fez sozinho. Ninguém,muito menos nos dias de hoje,pode fazer alguma coisa de jeito se não tiver uma boa equipa a trabalhar e uma boa capacidade de liderança e de motivação. Quem vem a seguir, pode sempre dar continuidade a um bom trabalho, imprimir-lhe nova energia e novo ritmo e até melhorá-lo.
    Se não formos capazes de entender isto, então só nos resta bloquear a renovação dos quadros, a promoção dos jovens com mérito e adotar o governo… de brigadas do reumático.

    • Mas vamos estar bem atentos para vislumbrar aonde é que o PS quer chegar com esta manobra sub-reptícia.

  5. Foi a primeira vez que algum 1º ministro foi junto do PR apenas com uma pessoa para este aprovar.
    Claro que casos como o Marquês já estão resolvidos.
    O pior é o que vem depois, mais uma indemnização que vamos ter que pagar a possíveis corruptos e criminosos que serão dados como inocentes.
    Muitos parabéns a esta grande Srª que muito fez para que a Justiça funcioná-se.

  6. concordo com este comentador , foi BATOTA DO MONHE E PRESIDENTE, isso ve-se perfeitamente, a uniao dos dois funcionou plenamente e os interesses do pais mais uma vez desprezados por politicos da treta

  7. Havemos de ver o PS, na altura própria, a renovar a comissão da próxima Procuradora Geral da República. Nessa altura, quero ver qual a justificação para tal. Vai aparecer uma Ministra da Justiça a fazer o pino na interpretação da lei, bem como vai aparecer um outro César ou até o mesmo César a dizer o seu contrário.
    Que se cuide a Senhora Procuradora Joana Marques Vidal pois ainda vai ser acusada de qualquer coisa… Deem tempo ao tempo! Aliás vejam o caso Tancos. Quem é que está em falta? O Ministério Público…

  8. Para o português comum, ter um PGR ou outro, é indiferente. O que está em causa é a atitude assumida pelo 1º ministro, bem como pelo Presidente da República. Muito mal, tanto um, como o outro. Se bem que já se esperasse a atitude de Costa, muitos acreditavam que Marcelo iria funcionar, na altura própria, como contra-peso, batendo o pé ao governo e fazendo valer o seu peso político. Mas tal, não aconteceu! Por motivos que se desconhecem, o Presidente cedeu perante Costa e perdeu uma oportunidade excelente de aumentar a sua credibilidade junto do eleitorado. E foi uma pena. Uma desilusão amarga. Será que Marcelo está cansado? Será que percebeu que a sua tarefa não é fácil? Sendo assim, irá passar para a história como mais um Presidente medíocre, incapaz de tomar decisões nos momentos chave.
    Selfies com novo e velhos, em Portugal e no estrangeiro, não chegam!
    É preciso um Presidente com coragem e que, dentro dos seus limites de poder, assuma o papel de oposição ao Governo, em nome do povo que o elegeu. Marcelo não está a fazer isso e Marcelo, foi eleito pelo povo, ao contrário de Costa.
    Se alguma esperança ouve em relação à sua performance enquanto Presidente, parece que cada dia que passa, vai-nos mostrando um Prof. Marcelo cada vez mais conformado e adaptado as cambalhotas de Costa, que nada têem a ver com o real interesse do país e dos portugueses.
    É uma pena. Frustra assim, a expectativa de milhares de portugueses que o achavam um Presidente diferente.

  9. Este rato de esgoto, devido ao seu tamanho (físico e “moral”) é que se consegue esconder bem sem deixar o rabo de fora – já o rasto da negociatas e dos interesses dos clientes do Marques Mentes é bem mais difícil de esconder!…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.