O Presidente da República nomeou hoje como procuradora-geral da República a procuradora-geral adjunta Lucília Gago, com efeitos a partir de 12 de outubro, informa uma nota da Presidência da República.
Após semanas de incerteza acerca do nome que iria ser escolhido pelo governo para novo Procurador-Geral da República, é oficial: Joana Marques Vidal não foi reconduzida. O Presidente da República anunciou esta quinta-feira a nomeação de Lucília Gago, actual Procuradora-Geral Adjunta, para o cargo.
A nomeação surge após notícias que nos últimos dias davam conta de que haveria já um acordo entre o primeiro-ministro e o Presidente da República para reconduzir a actual procuradora, que estaria mais perto de continuar à frente da PGR.
Segundo nota publicada esta quinta-feira no site da Presidência, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, sob proposta do Governo, “nomear Procuradora-Geral da República a Senhora Procuradora-Geral Adjunta, dra. Lucília Gago, com efeitos a partir de 12 de outubro de 2018“.
O presidente “fê-lo por duas razões determinantes“, diz a nota da presidência. Em primeiro lugar, porque “sempre defendeu a limitação de mandatos, em homenagem à vitalidade da Democracia, à afirmação da credibilidade das Instituições e à renovação de pessoas e estilos, ao serviço dos mesmos valores e princípios“.
Em segundo lugar, acrescenta a nota, porque considera que Lucília Gago garante, “pela sua pertença ao Ministério Público, pela sua carreira e pela sua atual integração na Procuradoria-Geral da República – isto é, no centro da magistratura – a continuidade da linha de salvaguarda do Estado de Direito Democrático, do combate à corrupção e da defesa da Justiça igual para todos, sem condescendências ou favoritismos para com ninguém, tão dedicada e inteligentemente prosseguida por Joana Marques Vidal“.
Especialista em Direito da Família, com 62 anos, dos quais mais de 35 de experiência no Ministério Público, a nova Procuradora Geral da República coordenava atualmente o Gabinete da Família, da Criança e do Jovem.
Nascida em Lisboa em 1956 e licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1978, a magistrada do Ministério Público foi a partir de 1981 delegada do procurador da República e foi promovida a procuradora da República em 1994, com funções, nomeadamente, no DIAP de Lisboa, que dirigiu nos últimos dois anos, e no Tribunal de Família e Menores de Lisboa.
No DIAP desempenhou funções na secção especializada em crimes cometidos no exercício de funções públicas ou políticas, corrupção, branqueamento de capitais e criminalidade económico-financeira.
Entre 2002 e 2005 foi procuradora coordenadora dos magistrados do Ministério Público do Tribunal de Família e Menores de Lisboa, e em 2005 foi promovida a procuradora-geral adjunta, exercendo funções até 2012 na procuradoria-geral distrital de Lisboa.
Desde 2017 exerce funções na Procuradoria-Geral da República, onde criou e desenvolveu um gabinete na área da família e da criança e do jovem. Desde 2009, representando a Procuradoria, integra a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens.
Costa defendeu mandato “longo e único”
O primeiro-ministro António Costa defendeu esta quinta-feira, em carta enviada ao Presidente da República, que o procurador-geral da República deve exercer um mandato “longo e único”, sendo desejável para essas funções um magistrado experiente do Ministério Público.
Este é o perfil definido na carta em que Costa propõe Lucília Gago para suceder a Joana Marques Vidal como procuradora-geral da República.
“O processo de nomeação do procurador-geral da República, implicando a intervenção e concordância necessárias entre o Governo e o Presidente da República, é expressão do princípio constitucional da separação e interdependência de poderes e deve ser conduzido de molde a reforçar a autonomia do Ministério Público mediante a garantia da plena autonomia do procurador-geral da República no exercício das suas funções”, começa por referir o líder do executivo.
Por essa razão, segundo António Costa, o Governo entende que “a benefício da autonomia do Ministério Público o mandato do procurador-geral da República deve ser longo e único”. “Apenas deste modo pode ser exercido com plena liberdade relativamente a quem propõe, a quem nomeia e a quem possa influenciar a opinião de quem propõe ou nomeie”, sustenta o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro advoga depois que o titular do cargo de procurador-geral da República deve ser preferencialmente um magistrado do Ministério Público. “Entendemos que é desejável que a personalidade a nomear seja um magistrado do Ministério Público, com estatuto de procurador-geral Adjunto e com experiência nas áreas de ação do Ministério Público, em particular a ação penal” escreve o primeiro-ministro.
Nesse sentido, António Costa submete “à superior consideração” do chefe de Estado “a proposta de nomeação da senhora procuradora-geral adjunta Lucília Gago para o cargo de procurador-geral da República para o sexénio 2018- 2024”.
Em janeiro de 2018, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, tinha já avançado que o Governo não tinha intenção de renovar o “longo e único” mandato da Procuradora-Geral da República. A ministra explicou que “na perspetiva de análise jurídica que faço, há um mandato longo e um mandato único. Historicamente é a ideia subjacente ao mandato”, pelo que não se justifica a renovação.
O tema esteve no centro do debate nas últimas semanas, com as opiniões divididas entre quem defende o “mandato longo e único do PGR” e os que, como Luís Marques Mendes, consideram que substituir a procuradora-geral seria uma decisão “estranha e suspeita”.
Marques Mendes questiona por que motivo não seria a procuradora reconduzida, ligando a sua continuação aos processos de José Sócrates e Manuel Vicente, antigo Presidente da Angola. “Se for substituída, que leitura será feita em Portugal e lá fora?”, indagou o comentador no fim do mês passado.
ZAP // Lusa
Vamos lá ver o que vai sair daqui, só espero que não vá para lá gaguejar.
A nova Procuradora é amiga de Sócrates
https://itugga.blogs.sapo.pt/a-nova-procuradora-e-amiga-de-socrates-51953
Se a mulher é essa então o povo tem de ir para a rua. Essa foto foi qd soltaram o 44. Reafirmo, se a nova PGR é a senhora que está a essa mesa então o país deveria ir todo para a rua.
Pois, eu até concordo com um mandato único e com a alternância no fim de cada mandato.
Agora, o que é importante, diria até muitíssimo importante, é que quem venha tenha no mínimo a mesma competência de quem parte e seja escolhido por boas razões… infelizmente, já vimos que as boas razões não abundam na política, e muito menos nesta geringonça…
Isto não é uma questão de competência mas sim de independência. Abre os olhos!
Até agora só sabia que o Costa era um robot. Agora é a revelação no seu pavor total.
Marcelo, se és a favor da limitação de mandatos, faz-me um favor, não te recandidates!
E já agora, se o Costa pensa da mesma forma, espero que também tenha a coerência de não se apresentar a votos.
Afinal, há que fazê-lo “em homenagem à vitalidade da Democracia, à afirmação da credibilidade das Instituições e à renovação de pessoas e estilos, ao serviço dos mesmos valores e princípios”.
Eu também concordo consigo P J, mas parece que esses homens que referiu só protegem quem não deviam, isto está tudo minado, protegem-se uns aos outros.
Excelente comentário.
Mas ninguém espere coerência de Marcelo ou do Costa.
Muito bem. Esta será para relembrar, dentro em breve.
Concordo plenamente contigo PJ. É isso mesmo.
qual duvida haverá que o bom trabalho se foi, vamos pagar bem caro.. Portugal não pertense a maioria, mas sim aos ladrões
Se o Juiz Carlos Alexandre for afastado do processo de José Sócrates, então já sabemos que a nova PGR é mais uma Cândida Almeida !!
Costa leva sempre a dele avante !
Tenho cá a premonição, de que estes processos mediáticos, ou vão ser arquivados ou vão prescrever. Mas vão surgir outros como faits divers, para fazer esquecer estes.
Devem ser destruídos, como lhes fazia o pintainho!!!
Tendo em consideração os casos graves que estão nas mãos da justiça que acusam políticos, banqueiros e clube e olhando para a preferência partidária e clubística do senhor Costa sabendo de antemão que ele é um hábil manipulador político tenho receio que esta “justiça” venha cair de novo na gagueira.