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CDS quer ter acesso ao capítulo secreto do Relatório de Pedrógão

Pedro Durão / Lusa

O CDS-PP vai pedir que seja entregue ao parlamento o capítulo do relatório sobre as falhas de socorro nos incêndios de junho, em Pedrógão Grande, mesmo que seja necessário apagar nomes de mortos e vítimas.

“Tendo em atenção a gravidade do que se passou, nada pode ficar por esclarecer, em dúvida ou sob suspeita”, disse à Lusa o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, afirmando que a Assembleia da República tem formas de analisar, com reserva, essa parte do relatório não divulgado pelo Governo para “proteger dados pessoais” das vítimas.

O Ministério da Administração Interna não divulgou o capítulo do relatório pedido a Xavier Viegas com os pormenores das mortes de cada uma das 64 vítimas mortais e pediu um parecer à Comissão Nacional de Proteção de Dados Pessoais.

Agora, o CDS espera que a comissão tome uma decisão rapidamente e, se tal não acontecer, pede ao Governo que entregue ao parlamento o documento em que pode não estar inscrito o nome das pessoas envolvidas, as vítimas, ou pedir “reserva de confidencialidade” ou que seja discutido “à porta fechada” na comissão de Assuntos Constitucionais, explicou Nuno Magalhães.

A semana passada, Domingos Xavier Viegas, que coordenou a equipa que produziu a pedido do Governo o relatório sobre o incêndio de junho em Pedrógão Grande, deu ao Executivo um mês para revelar o capítulo de 70 páginas que foi mantido em segredo.

Se o Governo não revelar em 30 dias o teor do capítulo reservado, disse então Xavier Viegas, o próprio perito irá tornar público o teor do documento.

Segundo o perito, que coordena o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, nestas 70 páginas são apontadas falhas “arrepiantes” no socorro às vítimas.

O capítulo secreto, adianta o JN, contém relatos de mortes que ocorreram “porque o socorro não foi eficaz, nem durante, nem depois dos fogos. Horas depois, havia pessoas feridas sem que fosse alguém em busca delas“.

“Houve um senhor, dado como morto às 22.30 horas, com o INEM a ter uma chamada dele a pedir socorro uma hora depois. Houve feridos que morreram em agonia“, revela o jornal num artigo de opinião do seu director executivo publicado este sábado.

ZAP // Lusa

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