O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) decidiu, esta quinta-feira, convocar uma greve para 3, 4 e 5 de outubro, disse à Lusa o presidente da estrutura, José Carlos Martins.
A decisão foi tomada depois de uma nova reunião com o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que o SEP considerou inconclusiva, apesar dos compromissos assumidos pela tutela sobre as 35 horas semanais de trabalho para todos os enfermeiros, a reposição das horas de qualidade e o aumento dos salários para os enfermeiros especialistas.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros afirmou à Lusa que apoia a greve anunciada, culpando o Governo pela divisão que existe entre as estruturas sindicais do setor.
“Só temos que apoiar, porque a causa é justa. Registo um dado curioso que a negociação de hoje tenha sido conduzida pelo primeiro-ministro, não sabemos o que aconteceu ao ministro da Saúde. Mas registo como muito positivo, porque a ordem tem pedido a intervenção do primeiro-ministro”, disse Ana Rita Cavaco.
A bastonária considerou que deve haver união entre os sindicatos do setor, referindo que a culpa da divisão é do Governo, que procura “dividir para reinar”.
“A ordem tem pedido isso desde que tomámos posse. A culpa também é muito do Governo, porque potenciou que isto acontecesse. Desde o início que entendemos que as negociações com as duas frentes sindicais devem ser feitas ao mesmo tempo. Esta coisa de dividir para reinar e chamar uma federação de cada vez, é o que potencia os desencontros”, afirmou.
A bastonária referiu que a existência de períodos de greves distintos das duas federações sindicais do setor da enfermagem prejudica as pessoas. “Haver cuidados mínimos, adiamento de cirurgias e cuidados que não são prestados preocupa muito a ordem. Se existe possibilidade, dado que o protesto é justo, de fazer apenas um momento e vamos fazer dois, temos que reconhecer que isso nos prejudica a todos nós”, salientou.
Ana Rita Cavaco aproveitou também para esclarecer que as ordens profissionais têm como funções proteger os destinatários dos cuidados de enfermagem e a proteção dos interesses da profissão e dignidade profissional. “É ao obrigo desta segunda função que nós nos pronunciamos sobre que está a acontecer, porque as questões de carreira têm interferência direta no nosso exercício da regulação profissional e a minha postura é a mesma para as duas federações sindicais. São todos membros da ordem, têm todos razões para convocar a greve”, frisou.
Greve termina com concentração junto à Assembleia
Esta sexta-feira, chega ao fim a greve de cinco dias convocada pelos outros dois sindicatos de enfermagem – Sindicato dos Enfermeiros (SE) e Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) – que termina com uma concentração junto à Assembleia da República.
No dia em que se comemoram os 38 anos da criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os enfermeiros pretendem fazer chegar o protesto ao Parlamento.
Durante os quatro primeiros dias de greve a adesão dos profissionais tem andado em valores entre os 80 e os 90%, segundo o Sindicato dos Enfermeiros, que marcou a paralisação em conjunto com o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem.
Várias cirurgias programadas foram adiadas e muitas consultas canceladas.
Centeno entende mas lembra restrições orçamentais
À entrada para uma reunião informal de ministros das Finanças da zona euro, na capital da Estónia, Mário Centeno, questionado sobre os protestos dos enfermeiros, disse entender as reivindicações, lembrando que algumas têm já “décadas”, mas apontou também que “muito tem sido feito pela valorização da administração pública, pelas carreiras”, incluindo neste setor.
“Há uma negociação em curso, na qual o Governo está naturalmente empenhado. Aquilo que é preciso compreender, e tenho a certeza que todos entenderão, é que o Governo tem feito um esforço muito grande”, disse, apontando a título de exemplo que “o crescimento de enfermeiros no último ano e meio é muito significativo, para fazer face às necessidades do Serviço Nacional de Saúde”.
Segundo o ministro das Finanças, “há dificuldades específicas em setores determinados, que são já de várias décadas, e que não podem deixar de ser ouvidas e analisadas”, e que, “em sede orçamental, têm necessariamente que ser integradas”.
“Aquilo que eu posso garantir, do ponto de vista do Governo, é que a responsabilidade orçamental é muito grande, que todas e todos os portugueses têm exatamente essa perceção e que vamos com certeza chegar a uma plataforma de entendimento e de compressão de como fazer face a reivindicações que são de facto muito importantes e que, como eu disse, têm várias décadas em alguns casos”, reforçou.
Por outro lado, Mário Centeno argumentou que, quando se fala de uma sociedade inclusiva e de um crescimento inclusivo, está-se “obviamente a falar de uma sociedade e de um crescimento que é de todos e para todos, e é nesse perspetiva que tem que ser entendido”, pelo que “não há uma hierarquização de prioridades que não possa deixar de ter em conta toda a restrição que objetivamente ainda existe sobre o país”.
ZAP // Lusa
“Calados há 15 anos”… Curioso… E só se lembraram de “falar” nas vésperas das eleições (autárquicas). Hmmmm…… Isto não me parece naaaada estranho… Mesmo nada!
Mas é curioso que “ninguém” diz uqe “eles” “só” querem um aumento de salário… de 100%! Só… Coisa pouca…