Seis mil cirurgias adiadas por causa da greve dos enfermeiros

Cerca de seis mil cirurgias foram adiadas desde o início da greve nacional dos enfermeiros, que começou esta segunda-feira e termina às 24h00 de sexta.

O presidente dos Sindicato dos Enfermeiros (SE), José de Azevedo, adiantou à agência Lusa que desde o início da greve cerca de seis mil cirurgias de rotina foram adiadas. “Ontem fizemos um cálculo de que cerca de seis mil cirurgias de rotina foram adiadas durante todo o período da greve. Isto dá uma média de 80 a 90 por cada grande hospital”.

O responsável referiu também que, no turno desta noite, a adesão à greve foi de 90%. “Hoje estamos já nos 90% de adesão no que diz respeito ao turno da noite que terminou hoje de manhã. Na quarta-feira, terceiro dia de greve a adesão fixou-se nos 89%”.

Em declarações à TSF, Alexandre Lourenço, presidente dos Administradores Hospitalares, também confirma a mesma informação. “Os hospitais, de uma forma genérica, realizam por dia útil cerca de duas mil cirurgias. Considerando a adesão que este protesto está a ter, podemos falar naturalmente de centenas de cirurgias adiadas”.

“Naturalmente, isto causa um transtorno elevado para os doentes e para as suas famílias porque é um momento muito relevante para a vida de qualquer cidadão que se submeta a uma intervenção cirúrgica e essa é atualmente a nossa maior preocupação. Agendar ou reagendar essas cirurgias no menor curto espaço de tempo”, acrescenta.

O presidente do SE disse também à Lusa estar satisfeito com as declarações do presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, que declarou não terem sido ainda marcadas faltas injustificadas aos enfermeiros em greve. “As declarações de Alexandre Lourenço vêm ao encontro ao que os enfermeiros já tinham dito e são muito importantes por virem de quem vem”, disse.

Os hospitais foram alertados pela tutela para estarem atentos a “eventuais ausências de profissionais de enfermagem” durante o período da greve, cuja marcação foi considerada irregular pela secretaria de Estado do Emprego.

À Antena 1, Alexandre Lourenço adiantou que ainda que não foram marcadas faltas aos enfermeiros, até porque a lei não o permite. “Existem cinco dias úteis para justificar a ausência ao serviço. No caso do Tribunal Arbitral vier a reconhecer que existe uma greve, esta passa a ser motivo plausível para a ausência, se não vão ter de ser tomadas outras formas legais”.

Questionado sobre a possibilidade de processos disciplinares, o responsável disse que “é preciso ter serenidade suficiente para compreender o protesto e quando essa questão for colocada tem de ser tomada a decisão adequada”.

O responsável referiu ainda à Antena 1 “estar convencido que a greve dos enfermeiros teve uma fraca adesão, contrariando os números avançados pelos sindicatos”.

Esta quinta-feira, o Jornal de Notícias também avança que o Hospital de S. João e o Hospital de Gaia estão a recusar dádivas de sangue porque os enfermeiros que fazem as colheitas estão em greve.

A greve, marcada pelo Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e pelo SE, começou às 00h00 de segunda-feira e decorre até às 24h00 desta sexta-feira.

A paralisação foi marcada como forma de protesto contra a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a proposta de atualização gradual dos salários e de integração da categoria de especialista na carreira.

Esta terça-feira, a reunião entre o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, terminou sem conclusões, mas ficou agendada uma nova ronda de negociações para esta quinta-feira, segundo disse o presidente daquela organização representativa dos trabalhadores.

ZAP // Lusa

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