Esta sexta-feira, a oposição venezuelana sai à rua em Caracas. No mesmo dia em que a Assembleia Constituinte toma posse.
Segundo o Jornal de Notícias, o protesto da oposição venezuelana chegou a estar agendado para quinta-feira, mas foi adiado à semelhança da cerimónia de posse da Assembleia Constituinte, eleita domingo no meio da contestação interna e externa.
Os “antichavistas” – numa referência a Hugo Chávez, presidente da Venezuela de 1999 até à sua morte em 2013 – querem fazer coincidir o protesto com o início dos trabalhos da Assembleia Constituinte, eleita num escrutínio que foi boicotado pela oposição venezuelana e fortemente contestado a nível internacional.
O anúncio da oposição ocorre depois de o presidente venezuelano, Nicolas Maduro (reconhecido como o herdeiro de Chávez), ter divulgado que a sessão inaugural da Assembleia Constituinte, que terá a tarefa de redigir uma nova Constituição, seria adiada por 24 horas e teria lugar na sexta-feira.
A sessão será “realizada em paz, com tranquilidade e com todo o protocolo necessário na próxima sexta-feira, dia 4 de agosto, às 11 horas (hora local, 16 horas em Portugal continental)”, declarou Maduro, durante uma reunião com os 545 membros eleitos da Assembleia Constituinte.
A oposição venezuelana considera que a nova Assembleia Constituinte é “ilegítima” e defende a legalidade da Assembleia Nacional (Parlamento), onde as forças opositoras estão em maioria.
O escrutínio de domingo ficou marcado por violentos confrontos entre os opositores de Maduro e as forças de segurança venezuelanas em várias cidades, incluindo na capital Caracas, que fizeram 10 mortos.
Na quarta-feira, a empresa responsável pela contagem dos votos do escrutínio, a britânica SmartMatic, denunciou que os dados da participação na eleição de domingo foram “manipulados“, admitindo que a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades venezuelanas “é de pelo menos um milhão de votos”.
A vaga de contestação contra o governo de Maduro começou em abril passado e desde então mais de 120 pessoas perderam a vida.
Opositor já regressou a casa
Depois de ter sido levado para uma prisão militar, o líder da oposição venezuelana Antonio Ledezma regressou a casa, onde vai continuar a cumprir a pena de prisão domiciliária. A notícia foi dada pela mulher de Ledezmana.
Numa série de publicações no Twitter, Mitzy Ledezma agradeceu o apoio da “comunidade internacional pela preocupação e solidariedade” e manifestou a “angústia de Leopoldo Lopéz e de outros 600 presos políticos que continuam atrás das grades”.
Recorde-se que Antonio Ledezma e Leopoldo López foram levados, na madrugada de terça-feira, para uma prisão militar. O líder da oposição, agora em casa, está detido desde fevereiro de 2015 e, quase dois anos depois, continua sem condenação.
Leopoldo López continua detido na prisão militar e não é ainda certo que regresse a casa.