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Opositores de Maduro novamente detidos e levados para parte incerta

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Danieldominguez19 / Wikimedia

Leopoldo López, um dos líderes da oposição na Venezuela

Os opositores Leopoldo López e Antonio Ladezma, que se encontravam em regime de prisão domiciliária, foram levados para parte incerta pelos serviços de informações do regime, disseram fontes próximas dos dois detidos.

“Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde está, nem para onde o levaram. Maduro é o responsável se alguma coisa lhe acontecer”, escreveu Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López, no Twitter.

Por outro lado, o deputado Ricardo Blanco, coordenador do partido Alianza Bravo Pueblo (ABP) difundiu também através desta rede social que o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) “levou Antonio Ladezma” durante a madrugada.

Alguns dirigentes do Voluntad Popular (VP), o partido de Leopoldo López, assim como o ABP, o partido de Antonio Ladezma, reiteraram as mesmas informações responsabilizando o presidente Nicolás Maduro pela integridade física dos dois membros da oposição e sublinhando que desconhecem o local para onde foram transportados.

Vários representantes da coligação da oposição – Mesa de Unidade Democrática (MUD) – difundiram igualmente através do Twitter um vídeo que mostra Ledezma de pijama a ser levado da casa onde se encontrava detido desde 2015.

Uma fonte próxima de López confirmou à agência EFE que funcionários do Sebin levaram o opositor da casa onde se encontrava preso desde o passado dia 8 de julho.

Poucas horas antes, o líder do ABP tinha recusado a proposta de Maduro que pedia para a oposição concorrer às próximas eleições locais, previstas para o final do ano.

“Não imagino ninguém que seja leal à luta a inscrever-se, numa fila indiana, para esse Conselho Nacional Eleitoral (CNE), já aguentamos muito com esta CNE que foi protagonista, no domingo, de uma fraude grosseira”, referia Ladezma através das redes sociais, pouco antes de ser levado para parte incerta pelos serviços de informações.

Ladezma foi detido em fevereiro de 2015 depois de ter sido acusado de conspiração.

Depois de dois meses na prisão militar de Ramo Verde, foi-lhe atribuída “uma medida cautelar que substitui a liberdade” e, por motivos de saúde, foi-lhe atribuído o regime de prisão domiciliária. Ladezma ainda não foi condenado, quase dois anos e meio depois da detenção.

López esteve na mesma prisão militar durante três anos, onde foi torturado várias vezes, segundo denunciaram os advogados do membro da oposição.

EUA impõem sanções a Maduro e congelam bens

“As eleições ilegítimas de ontem confirmam que Maduro é um ditador que despreza a vontade do povo venezuelano”, disse o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, citando em comunicado do seu departamento, no qual se anunciou um congelamento de “todos os bens” do Presidente venezuelano nos EUA.

As sanções impostas impedem ainda que os cidadãos americanos possam fazer qualquer negócio com Nicolas Maduro.

O assessor do Presidente norte-americano, Donald Trump, para a Segurança Nacional, H.R. McMaster, descreveu a eleição que vai permitir a Maduro reescrever a Constituição, como uma “captura escandalosa do poder absoluto” que representa “um rude golpe para a democracia no hemisfério”.

“Maduro não é só um mau líder, agora também é um ditador“, disse McMaster.

O impacto financeiro das sanções impostas não é percetível, refere a Associated Press, uma vez que não foi revelada a relação de bens do Presidente venezuelano no país.

Não obedeço a ordens imperialistas, não obedeço a governos estrangeiros, sou um Presidente livre”, declarou Maduro, numa reação à decisão norte-americana.

Outros países que se juntam aos EUA

Além dos EUA, Colômbia, Panamá, Peru, Argentina e Costa Rica anunciaram que não iam reconhecer a futura Assembleia Constituinte venezuelana. A Bolívia denunciou a submissão destes países ao governo norte-americano.

O Canadá afirmou que esta é uma “eleição antidemocrática”.

O México lamentou que o governo venezuelano tenha organizado um escrutínio “contrário aos princípios democráticos universalmente reconhecidos”, de acordo com um comunicado da Secretaria de Relações Externas (SRE). No mesmo comunicado, condenou os incidentes de violência e repressão e considerou que avançar com a constituição da Assembleia Constituinte significa “uma continuação do conflito”.

O México defendeu ser “o momento” de privilegiar “o diálogo e a reconciliação”, instando Governo e oposição a realizarem um diálogo genuíno e com garantias que permitam ao povo venezuelano restaurar a ordem democrática e retomar o caminho de desenvolvimento e o Estado de Direito.

O Brasil lamentou a decisão do Governo venezuelano em não cancelar as eleições de domingo, confirmando “a rutura da ordem constitucional” naquele país, divulgou num comunicado o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Já a União Europeia defendeu que a Assembleia Constituinte “não pode ser parte da solução” da crise no país, condenando o “desproporcionado” uso da força pelos agentes de segurança venezuelanas.

A convocatória para a eleição foi feita a 1 de maio por Maduro, com o principal objetivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspetos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos. A oposição acusa o Presidente de pretender usar a reforma para instaurar no país um regime cubano e perseguir, deter e calar as vozes dissidentes.

Investigação por crimes contra a Humanidade

Pelo menos dez pessoas morreram no domingo em protestos contra a eleição da Assembleia Constituinte.

Esta segunda-feira, a procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega Diaz, anunciou que ordenou uma investigação por crimes contra a Humanidade que considera terem sido cometidos depois da convocatória da eleição.

“Ordenei o início de uma investigação, uma investigação criminal“, disse aos jornalistas.

Luisa Ortega Díaz considera que “tudo o que tem causado” a convocatória para a eleição para a Assembleia Constituinte, promovida pelo governo, como mortes, homicídios e “extorsão de funcionários públicos”, configuram crimes contra a Humanidade.

A procuradora-geral informou ainda que 121 pessoas perderam a vida e 1.958 ficaram feridas desde 1 de abril, dia em que começaram os protestos no país.

Atualização (16:24):
A imprensa avançou, entretanto, que os dois líderes da oposição regressaram à prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Mais um comuna fascista a assassinar e a viver à grande com contas chorudas nos USA e certamente não só, imagine-se que foi condutor e agora presidente e senhor de um povo que manda matar caso arrisquem a dizer-lhe não e já trabalhou tanto para manter contas no estrangeiro, o que me faz mais pena é ver certos seres humanos que levaram uma lavagem ao cérebro e a teimarem em acreditar no comunismo.

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